titletitleAtividades didáticas <subtitle type="text"></subtitle> <link rel="alternate" type="text/html" href="http://cvc.instituto-camoes.pt"/> <id>http://cvc.instituto-camoes.pt/</id> <updated>2025-02-20T11:43:35+00:00</updated> <author> <name>Centro Virtual Camões</name> <email>naoresponder.plataforma.cvc@fbapps.pt</email> </author> <generator uri="http://joomla.org" version="1.6">Joomla! - Open Source Content Management</generator> <link rel="self" type="application/atom+xml" href="http://cvc.instituto-camoes.pt/a-viagem-enfim-dp5.html?format=feed&type=atom"/> <entry> <title>Sabia que? <link rel="alternate" type="text/html" href="http://cvc.instituto-camoes.pt/a-viagem-enfim/sabia-que-43941-dp8.html"/> <published>2011-03-28T10:03:46+00:00</published> <updated>2011-03-28T10:03:46+00:00</updated> <id>http://cvc.instituto-camoes.pt/a-viagem-enfim/sabia-que-43941-dp8.html</id> <author> <name>Luís Morgado</name> <email>luis.morgado@instituto-camoes.pt</email> </author> <summary type="html"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">O movimento surrealista marcou a literatura e a pintura dos anos 40 e 50 em Portugal. Na literatura, salienta-se pelo estilo irónico e sarcástico, evidenciando uma subversão das normas.<br /><br />Muitos dos textos poéticos encontram-se arquivados na Biblioteca Nacional, em Lisboa. Para os conhecer, poderá consultar os documentos autênticos de poetas surrealistas que foram divulgados ao público numa exposição organizada por Mário Cesariny:<br /><br />Artur do Cruzeiro de Seixas:<br /><a href="http://acpc.bnportugal.pt/colecoes_autores/n38_seixas_cruzeiro.html">http://acpc.bnportugal.pt/colecoes_autores/n38_seixas_cruzeiro.html</a><br /><br />Pedro Oom caracterizou o pintor surrealista Artur do Cruzeiro de Seixas:<br /><a href="http://www.cidadevirtual.pt/up-arte/dois/seixas-i.html">http://www.cidadevirtual.pt/up-arte/dois/seixas-i.html<br /><br /></a>Mário Henrique Leiria:<br /><a href="http://acpc.bnportugal.pt/colecoes_autores/n03_cesariny_mario.html">http://acpc.bnportugal.pt/colecoes_autores/n03_cesariny_mario.html</a><br /><br />Poderá conhecer os quadros dos pintores surrealistas que se encontram no museu de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa:<br /><br />António Pedro da Costa<br /><a href="http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60246&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1">http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60246&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1</a><br /><br />António Dacosta<br /><a href="http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60254&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1">http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60254&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1</a><br /><br />Mário Cesariny<br /><a href="http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60261&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1">http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60261&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1</a></span></summary> <content type="html"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">O movimento surrealista marcou a literatura e a pintura dos anos 40 e 50 em Portugal. Na literatura, salienta-se pelo estilo irónico e sarcástico, evidenciando uma subversão das normas.<br /><br />Muitos dos textos poéticos encontram-se arquivados na Biblioteca Nacional, em Lisboa. Para os conhecer, poderá consultar os documentos autênticos de poetas surrealistas que foram divulgados ao público numa exposição organizada por Mário Cesariny:<br /><br />Artur do Cruzeiro de Seixas:<br /><a href="http://acpc.bnportugal.pt/colecoes_autores/n38_seixas_cruzeiro.html">http://acpc.bnportugal.pt/colecoes_autores/n38_seixas_cruzeiro.html</a><br /><br />Pedro Oom caracterizou o pintor surrealista Artur do Cruzeiro de Seixas:<br /><a href="http://www.cidadevirtual.pt/up-arte/dois/seixas-i.html">http://www.cidadevirtual.pt/up-arte/dois/seixas-i.html<br /><br /></a>Mário Henrique Leiria:<br /><a href="http://acpc.bnportugal.pt/colecoes_autores/n03_cesariny_mario.html">http://acpc.bnportugal.pt/colecoes_autores/n03_cesariny_mario.html</a><br /><br />Poderá conhecer os quadros dos pintores surrealistas que se encontram no museu de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa:<br /><br />António Pedro da Costa<br /><a href="http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60246&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1">http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60246&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1</a><br /><br />António Dacosta<br /><a href="http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60254&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1">http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60254&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1</a><br /><br />Mário Cesariny<br /><a href="http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60261&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1">http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=60261&amp;visual=2&amp;langId=1&amp;ngs=1</a></span></content> <category term="A viagem, enfim" /> </entry> <entry> <title>Quem escreveu 2011-03-28T09:56:08+00:00 2011-03-28T09:56:08+00:00 http://cvc.instituto-camoes.pt/a-viagem-enfim/quem-escreveu-78573-dp6.html Luís Morgado luis.morgado@instituto-camoes.pt <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Mário Henrique Leiria (1923-1980)<br /><br />Mário Henrique Leiria nasceu em Lisboa em 1923. Frequentou por pouco tempo a Escola de Belas Artes. Entre 1949 e 1951 participou nas atividades da movimentação surrealista em Portugal. Teve vários empregos: marinha mercante, caixeiro de praça, operário metalúrgico, construção civil. Viajou. Em 1961 foi para a América Latina onde desenvolveu várias atividades, entre as quais a de encenador de teatro e de diretor literário de uma editora. Voltou nove anos depois. Colaborou em várias revistas e jornais nacionais.<br />Obras principais: <em>A Afixação Proibida </em>(manifesto surrealista de vários autores), 1949; <em>Contos do Gin Tonic</em>, 1973; <em>Novos Contos do Gin</em>, 1978; <em>Imagem Devolvida</em>, 1974.<br /><br />Para saber mais sobre o poeta e o pintor:</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><a href="http://acpc.bnportugal.pt/espolios_autores/e22_leiria_mario_henrique.html">http://acpc.bnportugal.pt/espolios_autores/e22_leiria_mario_henrique.html</a><br /><br />Para ler:<br />Mais  Contos do Gin Tonic:<br /><a href="http://www2.dem.ist.utl.pt/~jsantos/Literature/Mario_p.html">http://www2.dem.ist.utl.pt/~jsantos/Literature/Mario_p.html</a><br /><br />Poema musicado e cantado por Fausto:<br /><a href="http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html//fausto-flober.html">http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html//fausto-flober.html</a><br /></span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Mário Henrique Leiria (1923-1980)<br /><br />Mário Henrique Leiria nasceu em Lisboa em 1923. Frequentou por pouco tempo a Escola de Belas Artes. Entre 1949 e 1951 participou nas atividades da movimentação surrealista em Portugal. Teve vários empregos: marinha mercante, caixeiro de praça, operário metalúrgico, construção civil. Viajou. Em 1961 foi para a América Latina onde desenvolveu várias atividades, entre as quais a de encenador de teatro e de diretor literário de uma editora. Voltou nove anos depois. Colaborou em várias revistas e jornais nacionais.<br />Obras principais: <em>A Afixação Proibida </em>(manifesto surrealista de vários autores), 1949; <em>Contos do Gin Tonic</em>, 1973; <em>Novos Contos do Gin</em>, 1978; <em>Imagem Devolvida</em>, 1974.<br /><br />Para saber mais sobre o poeta e o pintor:</span></p> <p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><a href="http://acpc.bnportugal.pt/espolios_autores/e22_leiria_mario_henrique.html">http://acpc.bnportugal.pt/espolios_autores/e22_leiria_mario_henrique.html</a><br /><br />Para ler:<br />Mais  Contos do Gin Tonic:<br /><a href="http://www2.dem.ist.utl.pt/~jsantos/Literature/Mario_p.html">http://www2.dem.ist.utl.pt/~jsantos/Literature/Mario_p.html</a><br /><br />Poema musicado e cantado por Fausto:<br /><a href="http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html//fausto-flober.html">http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html//fausto-flober.html</a><br /></span></p> Ler o texto 2011-03-28T09:55:09+00:00 2011-03-28T09:55:09+00:00 http://cvc.instituto-camoes.pt/a-viagem-enfim/ler-o-texto-70081-dp6.html Luís Morgado luis.morgado@instituto-camoes.pt <span style="font-family: arial; font-size: x-small;">A Viagem, enfim<br /><br />Isto de ter sempre o mesmo sonho todas as noites torna-se aborrecido.<br />Era assim: saía de casa, ia até ao carro e dizia à família «vamos lá fazer essa viagem». Primeiro entravam a mulher e as duas crianças, depois os pais, ele instalava-se ao volante e pronto, não havia lugar para os sogros! Era sempre a mesma coisa. Por mais que empurrassem, não conseguiam metê-los lá dentro.<br />Acordava a suar, empurrando ainda qualquer coisa que não estava lá.<br />A mulher aconselhou-lhe uns calmantes, para ver se o sonho se ia.<br />Mas nada. Lá vinha sempre, todas as noites. É verdade que empurrava menos, talvez os calmantes, mas continuava naquele desespero de não conseguir enfiar os sogros no carro alucinante.<br />Os sogros disseram-lhe que não se interessavam em ir, não faziam questão, já estavam velhos para viagens.<br />Os pais prontificaram-se a ceder os lugares deles.<br />Toda a família colaborava, mas o sonho continuava.<br />Chegou a fazer experiências, a meter a família completa no velho Citroën arrastadeira. E conseguia, lá se metiam todos, mais ou menos apertados mas entravam. Mas no sonho não.<br />A coisa tornava-se desesperante.<br />- Porque é que não vais ao Mora? Ele é psicanalista, explica-te, tira-te isso – insistia a mulher, já arreliada, e preocupada também, com aquelas viagens nocturnas e frustradas em que ele se envolvia sem culpa.<br />O Mora era amigo de infância, nem sequer permitia que ele pagasse, era extraordinário! Às vezes até ia lá jantar. E respondeu à mulher:<br />- Tens razão, Xuxa, vou mesmo, que isto assim não pode ser. Tens sempre razão menina.<br />Contou tudo. O Mora mandou-lhe contar mais, o passado continua sempre oculto, ao que disse. Deitado, contou-lhe o que ele precisava era de derivar, sabem, encontrar qualquer coisa além do carro e da viagem que não fazia em sonhos. Derivar. Substituir o carro. Agradeceu e convidou o Mora para jantar no sábado. O Mora não podia e deu-lhe uma palmada nas costas.<br />Chegou a casa aliviado e esclareceu a Xuxa:<br />- Vou derivar, menina.<br />- Derivar?<br />Sim, substituir o carro e tudo o mais, excepto tu, as crianças, os velhos e a casa.<br />(...)<br />À noite não sonhou. No dia seguinte a Xuxa disse-lhe que até parecia dez anos antes.<br />Tudo voltou à normalidade, os sogros deixaram de se preocupar com a viagem, as crianças entusiasmaram-se com os estoiros da moto. E o carro na garagem.<br />E, de repente, tornou a sonhar. O sonho.<br />Assim: saiu de casa, foi até ao carro e disse à família «vamos lá fazer essa viagem». A mulher e as crianças entraram, depois os pais, e ele instalou-se ao volante. E não havia lugar  para os sogros! Começaram a empurrar para os meter lá dentro, e nada. Então virou-se para a garagem. Estava um pouco diferente mas a moto continuava lá dentro. Deixou tudo, montou a moto, pôs o chapéu de palha e avançou pela estrada. Uma estrada larga, muito aberta a tudo. Pareceu-lhe já a ter visto alguma vez. Olhou para  trás e lá ao longe, à porta da casa, continuavam a empurrar-lhe os sogros. Acenou uma despedida, acelerou e continuou, olhando árvores e nuvens. Ainda não voltou.<br /><br /></span> <div style="text-align: right;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Mário Henrique Leiria,  <em>Contos do Gin-Tonic</em>, pp. 117-119</span></div> <span style="font-family: arial; font-size: x-small;">A Viagem, enfim<br /><br />Isto de ter sempre o mesmo sonho todas as noites torna-se aborrecido.<br />Era assim: saía de casa, ia até ao carro e dizia à família «vamos lá fazer essa viagem». Primeiro entravam a mulher e as duas crianças, depois os pais, ele instalava-se ao volante e pronto, não havia lugar para os sogros! Era sempre a mesma coisa. Por mais que empurrassem, não conseguiam metê-los lá dentro.<br />Acordava a suar, empurrando ainda qualquer coisa que não estava lá.<br />A mulher aconselhou-lhe uns calmantes, para ver se o sonho se ia.<br />Mas nada. Lá vinha sempre, todas as noites. É verdade que empurrava menos, talvez os calmantes, mas continuava naquele desespero de não conseguir enfiar os sogros no carro alucinante.<br />Os sogros disseram-lhe que não se interessavam em ir, não faziam questão, já estavam velhos para viagens.<br />Os pais prontificaram-se a ceder os lugares deles.<br />Toda a família colaborava, mas o sonho continuava.<br />Chegou a fazer experiências, a meter a família completa no velho Citroën arrastadeira. E conseguia, lá se metiam todos, mais ou menos apertados mas entravam. Mas no sonho não.<br />A coisa tornava-se desesperante.<br />- Porque é que não vais ao Mora? Ele é psicanalista, explica-te, tira-te isso – insistia a mulher, já arreliada, e preocupada também, com aquelas viagens nocturnas e frustradas em que ele se envolvia sem culpa.<br />O Mora era amigo de infância, nem sequer permitia que ele pagasse, era extraordinário! Às vezes até ia lá jantar. E respondeu à mulher:<br />- Tens razão, Xuxa, vou mesmo, que isto assim não pode ser. Tens sempre razão menina.<br />Contou tudo. O Mora mandou-lhe contar mais, o passado continua sempre oculto, ao que disse. Deitado, contou-lhe o que ele precisava era de derivar, sabem, encontrar qualquer coisa além do carro e da viagem que não fazia em sonhos. Derivar. Substituir o carro. Agradeceu e convidou o Mora para jantar no sábado. O Mora não podia e deu-lhe uma palmada nas costas.<br />Chegou a casa aliviado e esclareceu a Xuxa:<br />- Vou derivar, menina.<br />- Derivar?<br />Sim, substituir o carro e tudo o mais, excepto tu, as crianças, os velhos e a casa.<br />(...)<br />À noite não sonhou. No dia seguinte a Xuxa disse-lhe que até parecia dez anos antes.<br />Tudo voltou à normalidade, os sogros deixaram de se preocupar com a viagem, as crianças entusiasmaram-se com os estoiros da moto. E o carro na garagem.<br />E, de repente, tornou a sonhar. O sonho.<br />Assim: saiu de casa, foi até ao carro e disse à família «vamos lá fazer essa viagem». A mulher e as crianças entraram, depois os pais, e ele instalou-se ao volante. E não havia lugar  para os sogros! Começaram a empurrar para os meter lá dentro, e nada. Então virou-se para a garagem. Estava um pouco diferente mas a moto continuava lá dentro. Deixou tudo, montou a moto, pôs o chapéu de palha e avançou pela estrada. Uma estrada larga, muito aberta a tudo. Pareceu-lhe já a ter visto alguma vez. Olhou para  trás e lá ao longe, à porta da casa, continuavam a empurrar-lhe os sogros. Acenou uma despedida, acelerou e continuou, olhando árvores e nuvens. Ainda não voltou.<br /><br /></span> <div style="text-align: right;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Mário Henrique Leiria,  <em>Contos do Gin-Tonic</em>, pp. 117-119</span></div>