Camilo Pessanha
Camilo Pessanha (1867-1926)
Camilo Pessanha (postal, 1915) |
Conjuga, na sua poesia, as sensibilidades simbolista e modernista, através do anseio por ideais inalcançáveis e a sugestão de ambientes indefiníveis, expressos em musicalidade cuidada, por um lado, e, por outro, acentuando a materialidade da escrita com uma finalidade em si própria e praticando a fragmentação do discurso e a comunicação por planos intervalares e de referência objetiva parcial.
Na Clepsidra (1920), estes processos asseguram a temática do escoamento do tempo que absorve a identidade, incidindo na simbologia da paisagem e das águas como modo nominal de fixar a mudança e de exorcizar a melancolia.
Macau, pintura de Pedro Barreto de Resende no Livro das Plantas de Todas as Fortalezas do Estado da Índia Oriental de António Bocarro (1635). Biblioteca Pública de Évora |
Passou o Outono já, já torna o frio...
- Outono de seu riso magoado.
Álgido Inverno! Oblíquo o sol, gelado...
- O sol, e as águas límpidas do rio.
Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?
© Instituto Camões, 2001