Cesário Verde
Cesário Verde (1855-1886)
Teve morte prematura, mas deixou-nos uma obra ( O Livro de Cesário Verde, 1887) onde emerge de maneira original o sentimento da modernidade oitocentista, ao modo de Baudelaire e dos parnasianos, patente na expressão lírica acompanhada da crítica poética dos seus exageros sentimentais e dos lugares comuns da sua retórica, tendo como objetivo detetar a poesia da matéria banal e comum, e assentando numa elaboração formal cuidada e cheia de inovações.
Hoje eu sei quanto custam a criar
As cepas, desde que eu as podo e empo.
A! O campo não é um passatempo
com bucolismos, rouxinóis, luar.
«Nós»
E agora, de tal modo a minha vida é dura,
Tenho momentos maus, tão tristes, tão perversos,
Que sinto só desdém pela literatura,
E até desprezo e esqueço os meus amados versos!
«Nós»
© Instituto Camões, 2001