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Bem-vindo/a à área Aprender do Centro Virtual Camões! Nesta área encontra recursos que apoiarão a aprendizagem de português nas suas várias vertentes: falar, ouvir, ler e, brevemente, escrever. Explore também a secção brincar, onde disponibilizamos jogos para aprender português de forma lúdica. Os recursos estão organizados em três níveis de dificuldade.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Sophia de Mello Breyner Andresen


Em Arte Poética II, Sophia de Mello Breyner Andresen (n. 1919) escreve:


A poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens. Por isso o poema não fala duma vida ideal mas duma vida concreta: ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sombra dos muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas, respiração da noite, perfume da tília e do orégão.


Para Sophia, a poesia é, pois, encontro do ser com o concreto do mundo, e repare-se como, explicitando o que para si é a poesia, a autora insensivelmente já está a fazer poesia, comunicando a sua perceção das coisas através da transfiguração da palavra poética.

Publica livros desde 1944 (também prosa de ficção, e livros para crianças como A Menina do Mar e A Fada Oriana, 1958), e um dos seus grandes temas é o mar, com a luminosidade de conhecimento solar e a regularidade de reconstrução do movimento, ou respiração vital, que ele comunica, ou mesmo na epifania do mundo. Em Dia do Mar (1947), «Navegação»:


Distância da distância derivada
Aparição do mundo: a terra escorre
Pelos olhos que a vêem revelada.
E atrás um outro longe imenso morre.


Muito sensível às implicações culturais da política e do sentimento da liberdade, exprime por vezes a pequenez dos ambientes que a opressão social sufoca. Em Livro Sexto (1962), «Exílio»:


Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades.

© Instituto Camões, 2001