Joana Vasconcelos

Joana Vasconcelos Paris ¶ 1971

  Joana Vasconcelos
  Créditos fotográficos / Photographic credits:
Abílio Leitão
Estudou no Ar.Co entre 1989 e 1996, e no IADE, nos anos de 1991 e 1992, ambos em Lisboa. Em 2000 recebeu o Prémio EDP Novos Artistas e, em 2003 recebeu o prémio Fundo Tabaqueira Arte Pública para o seu projecto de intervenção no Largo da Academia das Belas Artes em Lisboa. Tendo vindo a expor regularmente em Portugal e no estrangeiro desde 1994, tem alcançado recentemente um reconhecimento internacional, nomeadamente com a sua participação na Bienal de Veneza de 2005. Desde o começo da sua carreira que a artista utilizou os mais variados objectos do quotidiano, transformou-os e organizou-os no sentido de criar as mais inesperadas esculturas, construções ou atmosferas. Na realidade é de esculturas que se trata - de formas no espaço - mas a sua obra está longe das concepções mais tradicionais, evocando continuamente a dicotomia entre arte "high" e "low", com alusões ao kitsch e ao universo Pop. São os funis que se transformam em monumento em Tolerância Zero (1999). É uma acumulação de objectos heteróclitos transformados em objectos de contemplação voyeurista, ao serem encerrados numa caixa de vidro, com estores, em Vista Interior (2000). São os espanadores que circunscrevem um espaço sensual em Flores do meu Desejo (1996). São tampões OB que invocam o universo cândido da Noiva (2001, apresentada na Bienal de Veneza 2005) ou os casacos de peles que aconchegam o frio sugerido pelas portas de frigoríficos em Menu do Dia (2001). A desenvoltura na utilização de materiais e objectos inesperados, pouco usuais na tradição artística, terá sido facilitada pelo facto de Joana Vasconcelos, antes de se dedicar especificamente às artes plásticas, ter estudado joalharia e design, o que lhe deu uma aguda sensibilidade para os jogos de escalas e a sabotagem das funções no uso dos objectos, bem como uma exacerbada consciência da eficácia apelativa do uso das cores e dos contrastes. As suas obras denotam a evidência da presença e o poder de comunicação, não passando despercebidas porque, para além da sua exuberância plástica, ainda deixam chegar até nós, nos intervalos do espectáculo, os ecos da nossa experiência quotidiana. Em 2006 elaborou a escultura Néctar, uma encomenda da Fundação Berardo, para a entrada do Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém.