João Pedro Vale

João Pedro ValeLisboa ¶ 1976

 

  João Pedro Vale
  Créditos fotográficos / Photographic credits:
Abílio Leitão

Formou-se em escultura na FBAUL e fez o curso avançado da Maumaus-Escola de Artes Visuais. Na primeira exposição individual (Módulo, 2000) apresentou esculturas que remetiam para a atmosfera de um ginásio apostando em referências sexuais e na utilização de materiais pouco convencionais com grande capacidade de apelo sensorial. Vejam-se Can I Wash You?, peça de chão com a forma de uma moeda de barras de sabão azul e branco, ou Please don't Go, alcatifa feita de pastilha elástica cor de rosa, ambas de 1999, ou Beefcake (2000), com os respectivos títulos inscritos como baixos relevos nas próprias obras. Num momento seguinte o autor revisita Hollywood e o universo Disney (re)produzindo o vestido de Dorothy de O Feiticeiro de Oz, (Dorothy, 2001), o Palácio da Bela Adormecida (I Have a Dream, 2002) ou Pinóquio (When You Wish Upon a Star, 2001). Referencias cinematográficas infantis pertencentes a um imaginário cultural global são desviadas e reinventadas em proveito de renovadas fruições de imaginários pessoais. ¶ O autor recria depois objectos e símbolos associados a visões tradicionais da história e identidade nacionais assentes na mitificação das viagens e vocação marítima dos portugueses. É o caso dos barcos, como em Bonfim, um pequeno barco de pesca arruinado forrado de fitinhas semelhantes às do Nosso Senhor do Bonfim (Brasil), Barco Negro (2004) ou Foi bonita a festa pá (2006). A um farol construído com areia dá o título Heróis do Mar (2004). Por via de regra, na obra do autor, há um trabalho de citação e metamorfose de objectos pré-existentes oriundos da cultura popular tradicional ou da cultura global de massas. As formas são recriadas através de uma radical modificação dos materiais, contextos e conotações. O jogo entre materiais "pobres" e efeitos "ricos" de cor e luz faz eco ao jogo entre o luxo e o kitsch. O recurso a materiais modestos e inusitados sabota a distinção entre erudito e vernacular, belo e horrível, humildade e sofisticação. Em peças mais recentes a valorização da criatividade popular serve uma análise das fantasias colonialistas em que a desmistificação das ficções de dominação abre caminho a possibilidades plurais de invenção híbrida de novos jogos plásticos e simbólicos.


Bibliografia

 

 

Ficha Técnica | Credits