João Penalva

João Penalva Lisboa ¶ 1949

 

  João Penalva
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Abílio Leitão

Começou a carreira artística na área da dança, actividade que desenvolveu entre 1968 e 1976, estudando em Paris, Lisboa e Londres e integrando as companhias de Pina Bausch (1973/4), Gerhard Bohner (1975) e a que formou com Jean Pomares (The Moon Dance Company, (1976). Residente em Londres desde 1976, iniciou nesse ano a carreira de artista plástico, quando foi admitido na Chelsea School of Art. ¶ Começou por realizar pinturas - expostas regularmente em Portugal e em Inglaterra desde meados de 80 - marcadas pela preponderância do trabalho de composição, manifesto no jogo de contrastes resultante da organização rítmica das superfícies que se contrapõem em termos de cor, textura ou padrão imagético. ¶ Nos anos 90 dedica-se sobretudo às instalações e intervenções "site-specific", cuja linha de investigação se mantém até hoje. Em obras como Arquivos (1993) ou La chiave a stella (1996), ambas no Porto, evoca o universo da linguagem, da transmissão de experiências e memórias através de textos e documentos, da tradução e da impossibilidade de traduzir um texto sem imperfeições de significado. Uma das notas distintivas da obra de João Penalva é a incorporação de cartas e textos que relatam histórias e complementam as peças, articulando a ficção com referências do real, como acontece n'O Cabelo do Sr. Ruskin (1997). ¶ Nos vídeos e filmes da última década, tais como 336 Rios (1998), Kitsune o espírito da raposa (2001) ou Mister (1999), o artista eleva ao palco personagens e histórias retiradas do quotidiano, conferindo às suas obras um forte sentido de teatralidade e narrativa, assim como uma estreita relação com as artes performativas (Widow Simone-Entracte 20 years, 1996). João Penalva afirma-se, assim, como autor/personagem cuja marca distintiva é a capacidade de se reinventar a si próprio, em cada circunstância concreta, enquanto sujeito criativo. ¶ Em obras mais recentes como Hermitage Pier (2004) ou Entre as 2 e as 3 (2004), as personagens foram substituídas pelos sons e movimentos dos espaços registados pela câmara, sem a voz do narrador, numa exploração do próprio vídeo como medium; enquanto que uma componente mais violenta e perturbadora foi introduzida recentemente em Quieto, de pé, pára, não (2005).


Bibliografia

 

 

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