José Pedro Croft

José Pedro CroftPorto ¶ 1957

  José Pedro Croft
  Créditos fotográficos / Photographic credits:
Abílio Leitão

Tendo frequentado o curso de Pintura da ESBAL de 1976 a 1981 é, no entanto, como escultor que José Pedro Croft se irá afirmar. Durante a primeira fase do seu trabalho, na primeira metade dos anos 80, Croft manifesta um fascínio pela misteriosa solenidade dos monumentos funerários, os quais evoca através de esculturas/instalações em pedra. A pedra, transformada directamente, com frequente recurso a ferramentas industriais que contribuem para criar um peculiar efeito de corrosão, propicia o desejado efeito de ruína. Croft passa depois a utilizar o método de empilhamento de fragmentos resultantes de um processamento industrial. Constrói então uma série de colunas, arcos, caixas, túmulos, casas ou guaritas que colocam as relações espaciais e a referência à arquitectura no centro do seu trabalho. Progressivamente as suas obras vão-se despindo de conteúdo metafórico para se afirmarem como exercícios abstractos. Esses exercícios propõem sempre uma situação intermédia: entre uma posição e outra, entre interior e exterior, estabilidade e queda. No começo dos anos 90 o horizonte de referências alarga-se do âmbito da arquitectura para o dos objectos de uso quotidiano. Num momento seguinte o autor integra nas suas esculturas objectos de mobiliário pré-existentes como sejam bancos, mesas e cadeiras. O autor promove assim um curto-circuito entre a citação monumental e os objectos de uso quotidiano. Mas, na escultura de Croft, as referências surgem sempre fora do seu contexto funcional e utilitário. Os objectos de Croft pertencem a um mundo paralelo. Ao longo da década de 90 o seu trabalho consolida-se em torno de uma dialéctica entre a radical depuração do arquétipo e a intimista presença do objecto quotidiano. A tensão resultante cria um suspense cósmico que o escultor habilmente gere em situações de equilíbrio-limite. No seu trabalho mais recente, Croft depura e aprofunda esta linha de investigação escultórica introduzindo o vidro e os espelhos. Estes materiais, reforçando a implicação do corpo do espectador na apreensão da obra, ampliam a problematização das questões relativas à percepção do espaço e à percepção da fisicalidade/evanescência dos corpos. Em 2006 realizou uma importante exposição antológica itinerante no Brasil.


Bibliografia

 

 

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