Rui Sanches

Rui Sanches Lisboa ¶ 1954

 

  Rui Sanches
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Abílio Leitão

Após uma passagem pelo Ar.Co, Rui Sanches prosseguiu a sua formação no Goldsmiths College e em Yale. É patente no seu trabalho a influência dos discursos desconstrutivistas que, à época, marcavam o contexto internacional. Realizando a sua primeira individual em 1984, Sanches começa por empreender um sistemático trabalho de desconstrução de várias pinturas neo-clássicas que elege como referentes. A obra Et in Arcadia Ego tem um papel chave no seu percurso e na construção do seu vocabulário plástico. Nos trabalhos da década de 80 predominam os "jogos de caixas": rectângulos, paralelepípedos, cubos, traves. São estas formas que parecem definir a estrutura básica de cada peça. Mas uma vez assente essa base, aquilo a que se assiste é a um processo de esvaziamento e aligeiramento do conjunto. As "caixas" são sempre ocas. A sua função é predominantemente combinatória. Importam sobretudo na medida em que enformam uma modelação da superfície e uma orientação do olhar que, elas sim, são decisivas do funcionamento da peça. O processo de esvaziamento e aligeiramento confirma-se e aprofunda-se no trabalho de pesquisa realizado sobre as formas curvas, canais de ligação, superfícies ondulantes, matérias fluidas, corpos transparentes. Elementos que representam fluxos e criam uma tensão e animação interna das obras. Na viragem da década, com a exposição Body Building (1992), o autor afasta-se da citação e do método da desconstrução de referentes. A evocação da sensualidade e da fisicalidade dos corpos humanos torna-se mais nítida e o seu material de eleição, a madeira, permite ao artista começar a utilizar elementos modelados que sugerem formas orgânicas. No entanto, permanece na sua obra até à actualidade uma dialéctica sempre recorrente entre o impulso analítico e a tentação do orgânico. A preocupação estrutural manifesta-se em peças de pendor mais geométrico que têm como prioridade o diálogo com a arquitectura, o espaço e as formas da sua representação. Já as peças de pendor mais orgânico fazem apelo a uma coreografia da violência em que o corpo se manifesta como excesso relativamente à geometria e à representação.

 

 

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