Maiorca, Jaime de

As notícias sobre a vinda, por iniciativa do Infante D. Henrique, de um cartógrafo chamado Jaime, oriundo da ilha de Maiorca, são‑nos fornecidas por Duarte Pacheco Pereira. João de Barros ampliou as informações e atribui‑lhe também a capacidade de construir instrumentos náuticos.

A maioria dos historiadores, baseando‑se na investigação levada a cabo por Gonçalo Reparaz Filho, na década de 30 do século XX, considera que este Mestre Jaime de Maiorca seria o célebre cartógrafo maiorquino Jafuda Cresques. Filho do não menos célebre cartógrafo, Abraão Cresques, Jafuda teria nascido cerca de 1360. Devido à perseguição que foi movida contra os judeus de Maiorca converteu‑se ao cristianismo tendo mudado o seu nome para Jaime Ribes. Na década de 20 do século XV mudou‑se para Portugal ficando ao serviço de D. Henrique.

Investigações mais recentes levantam dúvidas sobre a identificação deste Mestre Jaime, referido por Pacheco Pereira, com o célebre Jaime Ribes. De acordo com a tese do catalão Jaume Riera Sans o cartógrafo que trabalhou para o Infante D. Henrique não poderia ser o tal Jafuda Cresques pois este teria falecido antes de 1410, tendo neste ano o Infante apenas 16 anos.

De qualquer modo, a crer nas palavras de Pacheco Pereira, e não existem razões para que não acreditemos, realmente existiu um Mestre Jaime, cartógrafo, oriundo da ilha de Maiorca, que teria estado ao serviço do Infante para transmitir os seus conhecimentos na arte da cartografia. E esta arte encontrava‑se bastante desenvolvida em todo o Mediterrâneo, portanto esse mestre teria transmitido aos Portugueses os mais avançados conhecimentos que na época se conheciam sobre o assunto.

António Costa Canas


Bibliografia
ALBUQUERQUE, Luís de, “Maiorca, Jaime de”, in Joel Serrão, [dir.], Dicionário de Hsitória de Portugal, vol IV, Porto, Livraria Figueirinhas, [s.d.], p. 141.