Ribeiro, Diogo

Ribeiro, Diogo

Este cartógrafo cujo trabalho prima pela excelente qualidade era português, filho de Afonso Ribeiro e de Beatriz de Olbera. Desconhece-se a data do seu nascimento, tendo falecido a 16 de Agosto de 1533. O ofício não sabemos onde o aprendeu, mas desenvolveu o seu trabalho em Espanha, ou pelo menos a documentação disponível assim o indica. Aqui, além de fazer cartas de marear e instrumentos náuticos, também ocupou as funções de Cosmógrafo do Reino. Alguns documentos fornecem-nos dados sobre a sua vida, mas há muita coisa que ainda não sabemos, e ainda pior, poucas obrass suas chegaram até nós.

Uma carta do feitor português, em Sevilha, de 18 de Julho de 1519, refere que foi Diogo Ribeiro que fez as cartas de marear e instrumentos náuticos para a viagem de Fernão de Magalhães. Estas cartas foram feitas a partir do Padrão Real que se encontrava na Casa de la Contratación, e fora elaborado por outro português, Pedro Reinel.

A 10 de Julho de 1523 é nomeado Cosmógrafo e Mestre de fazer Cartas de Marear. Esta função já a teria exercido antes na Corunha. Aí terá encontrado Martim Centurión, o qual, com a ajuda técnica do cartógrafo, traduziu o Livro de Duarte Barbosa. No ano seguinte participou como perito com funções de aconselhamento dos Delegados oficiais à Junta de Badajoz-Elvas, reunida para tentar resolver o problema da posse das Molucas.

Em 1525 uma carta de António Ribeiro da Cunha para D. João III volta a referir que Ribeiro fazia esferas, cartas de marear, instrumentos náuticos e bombas metálicas para navios. No ano seguinte já estaria ao serviço da Casa de la Contratación, pois o Imperador pede ao responsável, Fernando Colombo, que mandasse Diogo Ribeiro fazer uma carta de marear, um mapa-mundo ou uma esfera redonda, além de instrumentos náuticos. Mas nove anos depois, em 1535, a Imperatriz, D. Isabel insiste para que se termine a carta de todo o mundo conhecido que tinha sido encomendada ao cartógrafo, e que ainda não estava pronta.

Diogo Ribeiro também projectou umas bombas metálicas para retirar a água dos navios que fossem mais eficazes que as utilizadas até então. Em 1531 são testadas em terra com sucesso, mas é exigido que se faça um teste no alto mar, no decurso de uma viagem. Em 1533 decide-se a adopção das bombas, mas à data o seu criador tinha já falecido.

Da sua obra cartográfica só chegaram a nós 4 planisférios. Temos assim: o "De Castiglione, ou de Mântua", de 1525; o de 1527 que se encontram em Weimar; outro de 1529, conservado na mesma cidade, conhecido como o "Planisfério de Weimar"; e o Planisfério "do Vaticano", de 1529. Temos também o que seria parte de um outro planisfério, que supostamente não terá sido acabado, correspondendo à zona da América, de 1532.

Algumas características importantes ressaltam do seu trabalho. Em primeiro lugar, a excelência técnica na representação das várias partes do globo nas cartas, ao que não será alheio o facto de também ser cosmógrafo. Assim, é o primeiro cartógrafo a corrigir a representação do Mediterrâneo no seu eixo longitudinal, o paralelo 36º N, que passa pelo Estreito de Gibraltar e a Leste a Norte de Chipre, enquanto antes passava por Alexandria. O facto mostra que estava bem desperto para o problema da determinação das latitudes, assim como para o da declinação da agulha. Os seus mapas são acompanhados de desenhos, instrumentos náuticos, quadros e regras cosmográficas, o que é uma importante inovação. O traçado das costas da América e do Extremo Oriente, principalmente, vai sendo corrigido à medida que o cartógrafo obtém mais informações, chegando a um elevado grau de correcção. Compreensivelmente insiste em colocar o arquipélago das Molucas na parte espanhola da linha de Tordesilhas. Mas este facto não faz com que desmereça a fama de qualidade e correcção que granjeou.


João G. Ramalho Fialho


Bibliografia
CORTESÃO, Armando, Cartografia e Cartógrafos Portugueses dos séculos XV e XVI, 2 vols., Lisboa, Seara Nova, 1935.
IDEM, História da Cartografia Portuguesa, 2 vols, Lisboa, Coimbra, Junta de Investigações do Ultramar/ Agrupamento de Estudos de Cartografia Antiga, 1969-1970.
IDEM, e MOTA, Avelino Teixeira da, Portugaliae Monumenta Cartpgraphica, Reim-pressão, Vol. 1, Lisboa, INCM, 1987.