Precessão

Quando os antigos dividiram em doze partes o trajecto do Sol contra o fundo estelar e atribuíram a cada uma dessas partes uma constelação e um signo, o eixo de rotação da Terra tinha uma inclinação diferente da que tem hoje. Essa inclinação tem vindo a mudar, de acordo com um ciclo de 26 mil anos chamado ciclo de precessão.

A precessão é muito lenta, mas é visível quando se comparam observações astronómicas feitas ao longo de diferentes séculos. Ao que parece, terá sido o astrónomo alexandrino Hiparco (século II a. C.) o primeiro a notar esse movimento da esfera celeste. Designou-o por precessão dos equinócios, pois ele é observável na deslocação do ponto da esfera celeste por onde o Sol passa nos momentos dos equinócios. Assim, por exemplo, o início da Primavera, marcado pelo equinócio vernal (Março), coincidia antigamente com a passagem do Sol pela constelação Carneiro — Aries em latim — pelo que os astrónomos ainda hoje chamam a esse equinócio «primeiro ponto de Aries». A precessão fez com que o início da Primavera já não encontre o Sol nessa constelação, mas a astrologia, que herdou os signos dos gregos, não teve em conta esse desfasamento. Actualmente, as pessoas nascidas entre 21 de Março e 20 de Abril, por exemplo, pertencem ao signo astrológico do Carneiro. Mas o Sol encontra-se nessa altura na constelação Peixes. O mesmo desfasamento se verifica com todos os signos.

A precessão é igualmente responsável pelo deslocamento dos pólos celestes, que são as projecções do eixo da Terra na esfera celeste. A estrela Polar encontra-se hoje mais perto do pólo celeste verdadeiro do que se encontrava no tempo das Descobertas.


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