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Egas Moniz (1874-1955)
Inicialmente trabalhou nas disciplinas de Anatomia, Histologia e, mais tarde, de Patologia Geral. Em 1910 tornou-se professor catedrático. Em 1911 transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde ficou responsável pela cadeira de Clínica Neurológica. Abriu consultório em Lisboa e começou a fazer deslocações regulares a outros países, principalmente a França. Desde os seus tempos de estudante que tinha uma actividade política intensa. Era defensor activo da liberdade de expressão e pensamento e em 1908 foi preso por estar envolvido na tentativa de golpe de estado de 28 de Janeiro contra a ditadura de João Franco (1855-1929). Foi deputado em várias legislaturas, de 1903 a 1917. Em 1910 fez a sua iniciação na maçonaria, na Loja Simpatia e União, de Lisboa. Em 1917 fundou o Partido Centrista, que pretendia unir antigos monárquicos de corrente progressista e republicanos que se afastavam do Partido Evolucionista. Defendia uma aliança entre o capital e o trabalho e preconizava a aplicação de medidas de protecção das classes trabalhadoras. Defensor das liberdades públicas e dos direitos individuais, liderou a corrente parlamentarista do Partido Nacional Republicano resultante da aliança entre os Partido Centrista e os sidonistas, apoiantes do golpe que instaurou em 1917 a ditadura de Sidónio Pais (1872-1918). Em 1917 foi nomeado Ministro de Portugal em Madrid e em 1918 foi Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Sidónio Pais. No desempenho deste último cargo presidiu a delegação portuguesa na Conferência de Paz de Versalhes em 1918. Em 1919, após o assassinato de Sidónio Pais, foi substituído neste cargo por Afonso Costa (1871-1937) e decidiu abandonar a política activa. Passou então a dedicar-se à sua carreira científica, após ter publicado a obra Um Ano de Política, onde expõe os seus sentimentos e opiniões sobre o seu percurso político.
Faleceu em Lisboa em 13 de Dezembro de 1955.
Obras Destacam-se aqui apenas alguns dos títulos mais significativos da sua obra científica: Tese de Licenciatura, Alterações anátomo-patológicas na difteria, apresentada em 1900. Tese de Doutoramento, A Vida Sexual - Fisiologia, apresentada em 1901. Provas de concurso para lente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em 1902 com o trabalho A Vida Sexual - Patologia. Estes dois últimos trabalhos vieram mais tarde a ser reunidos com modificações na sua obra A Vida Sexual (Fisiologia e Patologia), editada pela primeira vez em 1913 e que se tornou uma obra polémica e muito procurada, com 19 edições até 1933. Com o governo de Salazar (1889-1970), a sua aquisição só podia ser feita com receita médica. A Neurologia na Guerra, Lisboa, Livraria Ferreira, 1917. Clínica Neurológia, Lisboa, Faculdade de Medicina, 1925. O Padre Faria na História do Hipnotismo, Lisboa, Faculdade de Medicina, 1925. Diagnostic des Tumeurs Cérébrales et Épreuve de l'Encéphalographie Arthérielle, Paris, Masson&Cie, 1931. L'Angiographie Cérébrale. Sea Applications et Résultats en Anatomie, Physiologie et Clinique, Paris, Masson&cie., 1934. Tentatives Opératoires dans le Traitement de Certaines Psychoses, Paris, Masson&Cie., 1936. La Leucotomie Préfrontal. Traitement Chirurgical de Certaines Psychoses, Torino, Baravalle e Falconieri, 1937. Clínica delle Angiografia Cerebrale, Torino, Iter, 1938. Die Cerebrale Arteriographie und Phlebographie, Berlin, Julius Springer, 1940. Trombosis Y Otras Obstrucciones de las Carotidas, Barcelona, Salvat, 1941. Última Lição - Bibliografia, Lisboa, Portugália Editora, 1944. Para além destes livros, publicou muitos artigos em revistas especializadas, portuguesas e estrangeiras, em nome individual e em colaboração com diversos especialistas como Almeida Lima, Almeida Dias, António Martins, Eduardo Coelho, Amândio Pinto, Luiz Pacheco, Lopo de Carvalho, Romão Loff, Victor Fontes, Cancela de Abreu, Cândido de Oliveira, Abel Alves, Fernando de Almeida, Aleu Saldanha, Pereira Caldas, Diogo Furtado, Ruy de Lacerda, Joaquim Imaginário, Abel Cancela de Abreu, João Lobo Antunes, Cruz e Silva e Lídia Manso Preto.
Principais contributos científicos
As suas duas descobertas mais importantes foram a angiografia cerebral, conseguida em 1927 e a leucotomia pré-frontal, concretizada em 1935. A primeira foi premiada com o Prémio de Oslo de 1945 e a segunda com o Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1949. Para conseguir fazer a angiografia cerebral, Egas Moniz fez muitas experiências, na tentativa de encontrar substâncias que pudessem ser injectadas nas artérias do cérebro de forma a tornar visíveis os vasos cerebrais nas radiografias. A opacidade conseguida com a injecção desses produtos permitiria obter um contraste, detectar tumores cerebrais e assim facilitar o seu tratamento. Foi em 28 de Junho de 1927 que Egas Moniz obteve a primeira arteriografia do corpo humano vivo. Este feito deu-lhe um grande prestígio internacional e veio a ser muito importante na divulgação do seu trabalho de investigação posterior no domínio da psicocirurgia. Após este conjunto de trabalhos de investigação, Egas Moniz passou a dedicar-se a um outro projecto de tratamento de algumas doenças mentais que constituíam um dos alvos prioritários da medicina neurológica da época, antes do desenvolvimento da farmacologia e dos psicotrópicos. Pensava ser possível tratar algumas doenças por meios físicos, através do corte das fibras de ligação entre os neurónios. Este tratamento seria feito nos lobos pré-frontais. Este tratamento foi classificado como leucotomia pelo próprio Egas Moniz. Embora inicialmente tenha utilizado um método que consistia na introdução de álcool puro, posteriormente passou a utilizar um instrumento especial, a que chamou leucótomo, com o qual se cortava uma pequena esfera da substância branca dos lobos pré-frontais. Estas intervenções eram realizadas pelo cirurgião Almeida Lima, principal colaborador de Egas Moniz. Este método teve uma rápida divulgação e aplicação em diversos países.
Bibliografia FERNANDES, Barahona, Egas Moniz, Pioneiro de Descobrimentos Médicos, Lisboa, ICLP, 1983. PEREIRA; Ana Leonor; PITA; João Rui; RODRIGUES, Rosa Maria, Retrato de Egas Moniz, Lisboa, Círculo de Leitores, 1999. PEREIRA; Ana Leonor; PITA; João Rui, org., Egas Moniz em livre exame, Coimbra, Minerva Coimbra, 2000.
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