Teresa Salomé Mota


Amílcar Mário de Jesus (1895-1960)




Retrato de Amílcar de Jesus retirado de Thadeu, D., "Prof. Amílcar Mário de Jesus", BSGP, 13 (1958-1960), 309-311.

Retrato de Amílcar de Jesus retirado de Thadeu, D., “Prof. Amílcar Mário de Jesus”, BSGP, 13 (1958-1960), 309-311.

Amílcar de Jesus terminou a licenciatura em Ciências Histórico-Naturais pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) no ano de 1928. Durante alguns dos anos em que foi aluno deste estabelecimento de ensino, foi assistente de Alfredo Augusto Freire de Andrade (1859-1929). Em 1918, ao mesmo tempo que cursava Ciências Histórico-Naturais, Amílcar de Jesus matriculou-se no Instituto Superior Técnico (IST), tendo concluído o curso de Engenharia de Minas em 1924. No IST foi também, desde 1920, assistente de Alfredo Bensaúde (1856-1941), tendo-lhe sucedido, em 1924, como professor das cadeiras de Mineralogia, Petrografia, Petrologia e Jazigos Minerais. Catedrático do IST, Amílcar de Jesus foi professor nesta instituição durante trinta e um anos, até 1955, ano em que se reformou, tendo sido também o responsável pelo laboratório de Mineralogia e Petrologia da instituição. Entre 1935 e Amílcar de Jesus leccionou, temporariamente, na FCUL, preenchendo a vaga deixada por Francisco Luís Pereira de Sousa (1870-1931) que tinha, entretanto, falecido.

Amílcar de Jesus ingressou na Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos (DGMSG) em 1929, na categoria de engenheiro de 2ª classe, aí tendo permanecido até 1942, ano em que abandonou o cargo devido a incompatibilidade com o facto de ser professor no IST. Durante a maior parte do tempo em que foi engenheiro da DGMSG, Amílcar de Jesus trabalhou nos Serviços Geológicos (SG) e, mesmo depois de ter abandonado a instituição, nunca cortou definitivamente os laços com a mesma, uma vez que continuou a dirigir o laboratório de Química e Petrologia. Em 1949, Amílcar de Jesus foi nomeado colaborador dos SG.

Pode dizer-se que Amílcar de Jesus foi o rosto de uma certa especialização, pouco vulgar na época, no campo da Geologia portuguesa, uma vez que se dedicou, quase exclusivamente, à realização de trabalhos e estudos na área da Mineralogia, da Petrografia e da Petrologia, de entre os quais se destacam “Estudo de alguns casos de pneumatólise corrosiva ocorridos em Portugal”, Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, XVII (1931), 31-56 e “Pegmatites mangano-litiníferas da região de Mangualde”, Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, XIX (1933), 65-210.

O interesse de Amílcar de Jesus pelas áreas da Mineralogia, da Petrografia e da Petrologia está relacionado com os inúmeros períodos que passou em Paris, frequentando o laboratório de Alfred Lacroix. Apesar da obra científica escrita de Amílcar de Jesus não ser extensa, ela revela uma sólida formação nas áreas da Mineralogia, Petrografia e Petrologia, o que faz dele um caso à parte no panorama da Geologia portuguesa da altura, pouco vocacionada para estudos nas áreas científicas mencionadas.

Teresa Salomé Mota


Bibliografia

Thadeu, D., “Prof. Amílcar Mário de Jesus”, Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, 13 (1958-1960), 309—311

Almeida, F. M., e Carvalhosa, A. B., “Breve História dos Serviços Geológicos em Portugal”, Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, LVIII (1974), 239—265

Aires-Barros, L., “O Culto da Geologia: breve resenha histórica sobre a contribuição dos engenheiros de minas portugueses”, Boletim de Minas, 36 (1999), 103—110

Verbo Enciclopédia Luso-Brasileira da Cultura, (Lisboa, Verbo), volume 14, p. 217

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