Eugénio Correia da Conceição Silva (1903-1969)
Eugénio da Conceição Silva completou o curso de marinha com 23 anos de idade e foi oficial da marinha de guerra portuguesa. Fez várias comissões na China, no tempo das concessões ocidentais, e foi durante muitos anos professor da Escola Naval, onde ensinava matemática, electricidade, hidrografia, instrumentação e balística, esta última a sua especialidade. Em 1948 foi nomeado director do Laboratório de Explosivos. Criou a Oficina de Óptica da Armada, uma instituição inovadora que permitiu uma relativa auto-suficiência na instrumentação óptica da marinha de guerra. Executou trabalhos de investigação nos campos da Artilharia, Balística e explosivos.
A par da sua actividade profissional tinha uma grande paixão pela Astronomia, sendo astrónomo amador de méritos reconhecidos internacionalmente. É considerado por muitos como o pai dos astrónomos amadores portugueses. Nas décadas de 40 e 50 desenvolveu um trabalho notável tendo realizado inúmeras observações de estrelas variáveis, estrelas duplas e objectos do céu profundo. Construiu um pequeno observatório e o próprio óculo de 500 mm que lhe serviria para observações, que instalou no topo de sua casa. Determinou as propriedades ópticas do óculo e o raio de curvatura das lentes que talhou e esmerilou. Trata-se de um telescópio reflector, munido de um espelho de 50 cm de diâmetro, com montagem equatorial inglesa em berço, cujo movimento horário era mantido por um regulador centrífugo Watt. A construção das suas peças mais importantes, nomeadamente o espelho, foi seguida por especialistas estrangeiros, através de descrições publicadas no Boletim da Sociedade Astronómica de França e na revista Scientific American. Foi na altura o melhor telescópio da península para uso de astrónomos não profissionais. O telescópio foi instalado, após a morte do Comandante, no Planetário Gulbenkian de que foi o principal impulsionador e primeiro director quando este foi concluído, em 1965.
As suas astrofotografias foram publicadas em numerosas revistas da especialidade. De destacar as fotografias que obteve de enxames de nebulosas e de galáxias. Em 1954 recebeu um prémo anual instituído pela Sociedade Astronómica de França. Para além da colaboração em revistas e livros da especialidade, escreveu um volume sobre o sistema solar e orientou a publicação da tradução portuguesa da obra Astronomia; do professor Karl Strumpff. Participou em reuniões e congressos internacionais em Paris, Roma e Moscovo.
Em 2000 foi concluída a reconstrução de um observatório astronómico situado em Belém no recinto do Planetário e do Museu de Marinha. A este observatório, cuja inauguração foi incluída nas comemorações do 35º aniversário do Planetário Calouste Gulbenkian, foi dado o nome do Comandante Eugénio Conceição Silva.
Fernando Reis
Apontadores
Eugénio Conceição Silva - Página de Pedro Ré
Observatório Comandante Conceição Silva
Bibliografia
Homenagem ao comandante Conceição Silva, Sep. Anais Clube Militar Naval, Lisboa, 104, 1974.
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