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Viagem para Delos e Myconos “Um Adeus aos Deuses”
Ruben A.
A publicação de Viagem para Delos e Myconos, extraída do livro Um Adeus aos Deuses, foi gentilmente autorizada por Nicolau Andresen Leitão.
© 1997, Nicolau Andresen Leitão e Parque EXPO 98. S.A.
ISBN 972-8127-93-6
Lisboa, Junho de 1997
Versão para dispositivos móveis:
2009, Instituto Camões, I.P.
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VIAGEM PAEA DELOS
E MYCONOS
Capitão desta vida que é uma incoerência navego à proa de Ulisses -sulcando azul vejo a espuma dilatar naus vincadas no rastro pelas travessias heróicas do mar Egeu -deito pandas as velas dos meus maiores e da gávea altiva saúdo este povo de navegadores vagabundos -pequeno marulhar espalha ao delírio o viajar incógnito da minha descoberta. Um ser poderoso e imortal ouve as vozes marinhas a trocarem calmaria infinita ao longo de uma profundidade ainda mais azul. Da Grécia me apodero no seu maior campo de glória, recordando, à raiz suspensa do meu mastro, as falas contínuas do espaço silencioso que vai do azul mediterrânico ao celestial de Zeus.
Estendido a bombordo, como quem perscruta a brisa do meio-dia, encho-me de ramelas de ar que colocam nos pulmões da ânsia a dor ferida das águas. Perco-me de ilhas peladas pela brutalidade de um sol aferido pelo gume do fogo, seus nomes não recordo para respeitar intacta a riqueza da sua solidão.
Vejo meus promontórios em outras costas, dobrados cabos agrestes e abrindo mundos de imensidões virgens à avidez dos astrolábios. Tributo pesado de dois irmãos que buscam no mar o elemento natural da sua história e o contar de toda a tragédia -raças tão díspares que encontraram semelhanças no arriscado das tempestades. Ergo as pesadas gaivotas da certeza dada pela sua distância equitativa e, miúdas no aproximar da vista, estampam-se grandiosas no fundo da paisagem, companheiras silenciosas da imensa solidão que me abarca. Odes marítimas, Odisseias, Poemas Ibéricos, lendas de viagens numa busca ilimitada de perfeições em sonhos imperfeitos todo o bombordo vê terra da Ática estirada ainda nos recortes limados pelo lamber goloso das marés, para de repente a vigia de quarto tributar às colunas dóricas do cabo Súnion a lembrança dos padrões espalhados cautelosamente pela esperança de aos poucos ir além mar.
A estibordo estende-se o mar sem fim, o mar tormentoso de Ulisses, a recordação infinita do abismo desejado -caminha em mim a paisagem imaculada de uma fé humana, cheia de destinos míticos, forte do indomável arrojo na aventura. Rumo sempre no encantamento dos templos que miragens de verdade erguem em fantasias ao reflexo da tona prateada. Recorto no horizonte silhuetas de semideuses e semibichos, vozes andantes de ninfas, cavalos-marinhos de sentir anfíbio, medusas mestras sem cortiço, Acrópoles onde velhos do Restelo eram oráculos a falar, avisos à navegação desmedida, versos escritos na memória perpétua de olhos mergulhados no mar. Ah! Todo este ilimitado de saudades definindo ao decrescente do sol o meu sincero verídico de viver. Barlaventos e sotaventos ouvindo de Posídon o contar das histórias tr&