Espaço Atlântico de Antigo Regime

Espaço Atlântico de Antigo Regime

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D. João V e a cobrança dos quintos do ouro de Minas Gerais


Maria Beatriz Nizza da Silva
Universidade de São Paulo


A historiografia portuguesa sempre aponta o ouro do Brasil como o financiador de todas as grandes obras e despesas do reinado de D. João V. É preciso, contudo, ressaltar que o ouro tardou a entrar nos cofres régias na primeira década de governação e que foram muitas as resistências locais a uma arrecadação mais rigorosa dos quintos do rei. Mudanças administrativas, propostas régias e negociações dos governadores com os mineiros são analisadas nesta comunicação bem como o sistema de capitação.

D. Sebastião no Brasil. Um estudo sobre o movimento sebastianista da Serra do Rodeador. [...]


Jacqueline Hermann
Universidade Federal do Rio de Janeiro


A comunicação apresentará uma breve análise do movimento sebastianista da Serra do Reodeador, ocorrido no agreste pernambucano, entre 1817 e 1820. Contemporâneo da Revolução Pernambucana de 1817, foi liderado por desertores das milícias legais que fundaram a Cidade do Paraíso Terrestre, vila de não mais de 400 pessoas. O grupo armador do Rodeador esperava a volta de D. Sebastião e de todo o exército para o início de um novo tempo de fartura e prosperidade, e estava disposto a lutar até à morte para defender a ordem instaurada por aquele a quem reconheciam como o verdadeiro monarca.
O estudo tem por fonte principal a devassa sofrida pelo movimento, liderada pelo general português Luiz do Rego Barreto, convocado no reino pelo rei D. João VI para pacificar Pernambuco, e que temia haver no Rodeador alguma ramificação dos insurrectos que tomaram Recife em 1817. O carácter popular e explicitamente monárquico do movimento, e a expectativa da volta do rei português desaparecido em Alcácer Quibir quase três séculos antes, revela a longevidade e a força da crença sebástica na América Portuguesa, além de abrir caminhos novos para o estudo dos messianismos luso-brasileiros em perspectiva comparada.

Da qualidade dos irmãos terceiros franciscanos: formas de inserção e afirmação social [...]


Juliana de Mello Moraes
Instituto de Ciências Sociais - Universidade do Minho


Durante a expansão marítima portuguesa difundiram-se por diferentes partes do globo as Ordens Terceiras Franciscanas. Estas representavam ao lado de outras instituições - como as Santas Casas de Misericórdia e as Câmaras Municipais - importantes espaços de sociabilidades, de afirmação de posições sociais e de inserção das elites tanto no Reino quanto em terras do além-mar. Paralelamente, constituíam-se como organizações capazes de atender a mobilidade dentro do Império português, pois recebiam e atendiam materialmente e espiritualmente seus irmãos nas localidades onde se estabeleciam. Dessa forma, compreender como as Ordens Terceiras seleccionavam seus membros e as afinidades e distâncias nesse aspecto entre associações dos dois lados do Atlântico, notadamente em Braga e em São Paulo, é o objectivo deste estudo.

De guerreiro a principal: integração das chefias indígenas à estrutura de poder colonial [...]


Mauro Cézar Coelho
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro


Este trabalho trata da inflexão ocorrida na base de poder das chefias indígenas, ao tempo de vigência do Directório dos Índios, no Vale Amazónico. Seu objectivo é discutir as inflexões havidas no processo de constituição das chefias indígenas, quando da sua integração à sociedade colonial, como uma das instâncias do poder metropolitano. No interior das sociedades indígenas, as chefias eram constituídas em função de valores tradicionais. Tais chefias se caracterizavam pela transitoriedade, pela inconstância e pela ausência de coerção. Uma vez integradas na administração das povoações fundadas sob a égide do Directório dos Índios, aquelas chefias passaram a se entender de forma distinta: os valores tradicionais foram substituídos pela legitimação de Sua Majestade, assim como o exercício do poder passou compreender o exercício da coerção.

Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as novas abordagens para o império marítimo português [...]


Júnia Ferreira Furtado
Universidade Federal de Minas Gerais


A história de Minas colonial não pode ser escrita sem se levar em conta a história do Império Português, suas contradições e identidades. A recente percepção de que a história colonial não podia ser concebida sob o viés da oposição resultou na formulação do conceito de América Portuguesa, que ressalta as identidades.
A ideia de Brasil Colónia, que ressalta as oposições, passou a ser vista não como um conceito neutro, mas carregado de determinismos que só se explicam pela posterior independência da região. Nesse sentido, pensar a história de Minas colonial hoje significa estabelecer um diálogo com o restante Império Português, seja o reino, seja o restante das colónias procurando captar as diferenças e identidades. A proposta pretende estabelecer um intercâmbio com a recente produção histórica em Minas, no Brasil, na África e Ásia - pensando pela primeira vez uma história de além-mar. O que significa estudar Minas a partir do Império e o Império a partir de Minas.

Elites Atlânticas: Ribeira Grande do Cabo Verde (sécs. XVI-XVIII)

Elites Atlânticas: Ribeira Grande do Cabo Verde (sécs. XVI-XVIII)
Iva Cabral
Serviços de Documentação e Informação Parlamentar
Assembleia Nacional de Cabo Verde

 

Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, na ilha de Santiago e em geral em todo o arquipélago o poder local foi ocupado, sucessivamente, por três elites diferentes na sua composição social, económica e racial. Retratar estas elites e analisar a sua evolução ao longo do tempo é o objectivo desta comunicação.

A Ribeira Grande, pequena urge, entalada entre montanhas, teve um papel primordial na História de Cabo Verde. Foi neste pequeno porto que desembarcaram os primeiros colonos europeus e os primeiros contingentes de escravos%% foi aí que se iniciaram as interpenetrações étnico-culturais das quais vieram a emergir, mais tarde, o homem cabo-verdiano.

Aí se edificou a primeira capital do arquipélago onde se instalou a elite que importou os escravos para povoar e cultivar as terras das ilhas de Santiago e do Fogo. Do seu porto partira, os primeiros escravos para o Novo Mundo. Nas suas casas terras ou de sobrado nasceram e viveram os primeiros filhos da

Em busca da Unidade e solução para a crise: o Império Ultramarino Português [...]


Ariane Norma de Menezes e Sá
Universidade de São Paulo


No século XVIII a Paraíba conseguiu integrar o Sertão a seu território, tornando possível o desenvolvimento de práticas económicas mais sistemáticas. Contudo, foi um período difícil para a Capitania, marcado por seca, enchentes, praga de lagartas, falta de escravos e crise das lavouras de exportação. A Paraíba sofreu ainda, as consequências da crise económica europeia do século XVII e do deslocamento de investimentos, de escravos e da atenção da Coroa portuguesa para Minas Gerais. Em meados do século, com a generalização da crise, foi retomada pelos ilustrados portugueses a ideia de reestruturar o Império Ultramarino Português, a partir da unidade luso-brasileira. Atendendo a esse princípio, o ministro Marquês de Pombal fez várias reformas. Martinho Castro sucedeu Pombal, mas não possuía a ideia de império, que somente foi retomada por Sousa Coutinho. Essa pesquisa analisa a relação da Capitania da Paraíba com as diferentes perspectivas administrativas da Coroa portuguesa.

Entre redes e trajectórias - a governação portuguesa no ultramar, séculos XVII-XVIII


Maria de Fátima Silva Gouveia
Marilia Nogueira dos Santos
Universidade Federal Fluminense


Luanda, 1688: toma posse do governo do reino de Angola João de Lencastre que aportara no continente africano acompanhado de António Coelho Guerreiro. Esta não seria, porém, a única «viagem» em que os dois foram companheiros. Quatro anos depois (1692) embarcaram juntos rumo à Bahia. Por aqui permanecem por pouco tempo. Porém, tempo esse, fundamental para o desenvolvimento futuro de suas trajectórias administrativas, posto que travaram contrato com importantes agentes da administração lusa no ultramar. A presente comunicação tem por objectivo a análise mais atenta da trajectória desenvolvida por António Coelho Guerreiro, que de mercador, passa a burocrata, chegando ao posto de primeiro governador das Ilhas de Solor e Timor. Pretende-se perceber a sua inserção em redes, que ao conjugarem poder, conhecimento e comércio, influenciaram de modo muito particular a governação portuguesa no período. Ou seja, pretende-se perceber como entre redes e trajectórias o império português do ultramar se estabeleceu e se consolidou.

Estanceiros do Rio Grande de São Pedro: constituição de uma elite terratenente no século XVIII


Helen Osório
Universidade Federal do Rio Grande do Sul


A comunicação aborda a formação de uma elite local na América portuguesa, a dos grandes criadores de gado (definidos inicialmente como os proprietários de mais de mil cabeças de gado vacum), detentores de extensas propriedades fundiárias e de escravos, na fronteira sul do Império. Para compreender a dinâmica dessa constituição económica e social, analisa-se a naturalidade de seus membros, seu acesso a mercês, sesmarias, participação em tropas auxiliares e cargos da governança local. Através de inventários post-mortem delineia-se seu perfil económico e produtivo: montante do património, ramos de investimentos, número de escravos, entre outros aspectos. Suas singularidades são definidas no confronto e comparação de suas características com as do grupo mercantil da mesma capitania e também da praça Rio de Janeiro, permitindo uma reflexão sobre a constituição de elites em territórios americanos do Império português.

Evangelização e poder na região do Congo Angola [...]


Marina de Mello e Souza
Universidade de São Paulo


Envolvidos por novas relações comerciais e políticas desde a chegada dos portugueses àquela região, o Congo e os reinos de Angola estavam expostos à acção dos missionários, cuja disposição para converter os povos gentios vencia todas as adversidades. Respaldados pelos grandes chefes locais como o mani Congo e a rainha Jinga os missionários, com predominância de capuchinhos enviados pela Propaganda Fide no século XVII, lidavam com chefes de aldeias mais ou menos tolerantes ao catolicismo e com as populações que frequentemente se rebelavam quando seus altares, lugares e objectos de culto eram por eles profanados e destruídos. Em troca era oferecido o baptismo e o culto a santos e crucifixos, sendo alvo do meu interesse os usos que os chefes e populações locais fizeram deste último. Considerando o contexto da época busco entender os significados atribuídos ao crucifixo pelos centro-africanos que o adoptaram. As fontes para esse período e região são ricas, sendo compostas de documentos da missionação, correspondência entre autoridades, cronistas e historiadores. Nesses textos me deterei nas referências aos crucifixos, tentando desvendar os usos e significados que eles tiveram para os centro-africanos dos séculos XVI, XVII e mesmo seguintes.

Evolução do comércio privado entre o Brasil e a Ásia Portuguesa durante a estadia da Corte no Brasil


Ernestina Carreira
Université de Provence


A mudança do centro de decisões políticas de Lisboa para o Rio de Janeiro, em consequência das invasões napoleónicas de 1807, desembocou numa profunda transformação económica do ultramar português. Aboliu-se definitivamente o monopólio comercial dos armadores de Lisboa relativamente ao comércio com o Oriente, privilégio decretado por Pombal meio século antes, mas contestado desde então pelos negociantes do Brasil.
Goa, ligada há séculos a Lisboa pela famosa Carreira da Índia, passou também a receber os navios mandados do Rio de Janeiro a partir de 1808. Para os armadores da antiga colónia recentemente elevada a reino surgia finalmente a oportunidade de aceder directamente aos mercados da Índia e da China. Um balanço global da navegação comercial entre o Brasil e a Índia nessa época indica porém que as importações efectuadas por armadores brasileiros ficaram muito aquém das possibilidades do mercado de consumo, particularmente no que dizia respeito aos têxteis. Organizar este comércio revelou-se quase impossível em razão da existência, há mais de vinte anos, de uma rede de abastecimento do Brasil dominada pelos armadores de Lisboa, com sucursais no Rio de Janeiro e na Bahia. Alguns destes aliás, para evitarem as falências devidas às invasões francesas, transferiram-se rapidamente com os seus capitais para o Rio de Janeiro, e dali passaram a armar, os seus próprios navios para a Ásia. Além disso, a abertura dos portos do Brasil ao comércio britânico após o tratado de 1810 permitiu que os Ingleses inundassem o mercado brasileiro com têxteis ingleses ou oriundos dos portos de uma Índia quase totalmente dominada pela East India Company desde a morte de Tipoo Sultão em 1799. A Índia portuguesa, ocupada pelas tropas britânicas até 1813, não se encontrava em situação de poder aumentar as suas actividades comerciais. Os navios do Brasil dirigiam-se portanto essencialmente para os portos ingleses. Apenas Damão e a feitoria portuguesa de Surat continuaram no período seguinte (1815-1821) a ter um volume de trocas significativo com o Rio de Janeiro e a Bahia, por intermédio de uma família de armadores lisboetas radicados no Brasil. Neste período foi portanto Macau - e muito perifericamente Moçambique - o alvo principal dos investimentos dos armadores do Atlântico português. Desde a época pombalina, haviam-se descoberto as importantes possibilidades de troca que proporcionava o tabaco brasileiro, bastante apreciado na China, o que não acontecia com a Índia onde os produtos brasileiros se vendiam mal. Esta evolução do comércio transoceânico será analisada prioritariamente através das actividades da principal família de negociantes que então dominava.

Explorando o ultramar nas viagens científicas portuguesas (1777-1802)


Ermelinda Moutinho Pataca
Universidade São Marcos - São Paulo


No presente trabalho proponho um mapeamento das viagens científicas portuguesas empreendidas entre 1777 e 1802 em territórios Ultramarinos de colónias na África e América. Com o intuito de analisar as particularidades e as continuidades entre as viagens, realizei uma ampla categorização para responder a algumas questões como: quem eram os actores envolvidos? Como eles se relacionavam? Que regiões do Império português eram exploradas? Que produtos naturais estavam sob o foco da investigação científica? Que abordagem científica era adoptada em cada viagem? Se e como ocorreu a incorporação dos resultados obtidos nas viagens à dinâmica colonial portuguesa? Como conclusão, constatei que o planeamento e a execução das viagens nas administrações dos Ministros da Marinha e Ultramar, Martinho de Melo e Castro de 1777 a 1795, e D. Rodrigo de Sousa Coutinho entre 1796 e 1802, ocorreu de forma diferenciada, de acordo com as políticas específicas assumidas por estes ministros.

Família e relações de poder na capitania da Paraíba: o governo de Jerônimo de Melo e Castro [...]


Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano
Universidade Federal de Pernambuco

A ocupação e a conquista da Paraíba foram montadas como um negócio de família, que garantiu as bases para a organização político-administrativa no período colonial. Esta constatação reforça a relevância de se pesquisar o papel das redes familiares no século XVIII. A partir de uma iniciativa da política racionalista pombalina, a capitania da Paraíba foi oficialmente anexada à de Pernambuco em 1755, mantendo esse vínculo até 1799. Neste período, a Paraíba foi governada por homens que vinham da metrópole, através do Recife. Dentre estes governantes merece destaque a administração de Jerônimo José de Melo e Castro, que governou durante trinta e três anos. Sua administração foi marcada pela disputa entre grupos familiares pelo poder local. Neste trabalho pretendo mostrar como as relações de parentesco foram fundamentais na defesa dos interesses privados e serviram como base para a organização política na capitania no período pós-anexação.

Famílias africanas e mestiçagem no comércio atlântico: o caso de Luanda no séc. XVIII


Selma Pantoja
Universidade de Brasília


O texto trata das chamadas «Donas» em Luanda, poderosas e ricas comerciantes de escravos que através de várias gerações de mulheres conduziram as grandes empresas atlânticas, como proprietárias de navios e administrando agên­cias entre os dois lados dos continentes. Durante os séculos XVII até a primeira metade do XIX essas «Donas» estiveram entre as maiores fortunas dessa região transatlântica. Pretende-se apresentar alguns aportes de representações das comerciantes na cidade de Luanda tencionando com isso explicitar os modos pelos quais diferentes imagens representam essas comerciantes urbanas. Deliberadamente ou não, uma tremenda ambiguidade envolve a figura dessas mulheres. Por isso é central discutir a questão, se a sociedade dominante queria um retrato de mulheres vulneráveis, sem ajuda e dependentes, ou se as comerciantes mesmas manipulavam aquela representação por sua própria proposta.

Homens de letras e leis: a prática da justiça nas Minas Gerais colonial

Homens de letras e leis: a prática da justiça nas Minas Gerais colonial

 

Álvaro Araújo Antunes
Universidade Estadual de Campinas

 

A comunicação tratará do universo sócio-cultural de alguns letrados que exerceram a advocacia em Mariana e Vila Rica, Minas Gerais, Brasil, entre os anos de 1751 e 1808. Mais especificamente, busca-se delinear os contornos e a influência das práticas sociais e culturais dos letrados na administração da Justiça. Como tais práticas influíram no projecto de consolidação da autoridade da Coroa numa pro­víncia de fundamental importância para o império português? Como as relações pessoais, assentadas na economia do dom", intervi­nham na execução da

Homens e pedras no desenho das fronteiras: a construção da fortaleza de S. José de Macapá [...]


Janaína Camilo
Universidade Estadual de Campinas


Projectada sobre o cenário natural da Amazónia, a imensa construção de pedras constituiu, no sentido que Jacques Le Goff dá à palavra, um monumento fundamental para compreender a história dessa porção setentrional da América do Sul, submetida à política mercantil do marquês de Pombal. Entretanto, estudar a Fortaleza de Macapá não significa percebê-la apenas como estrutura militar destinada à protecção da porta" do grande rio, o que traria informações pouco satisfatórias, mas é considerá-la, sobretudo, como instrumento integrante dos planos políticos de Pombal, que tentava viabilizar o projecto português de protecção das minas descobertas em Vila Bela. A Fortaleza de São José de Macapá foi erguida na margem esquerda do rio Amazonas, tendo suas obras se estendido entre 1764 e 1782. Foi desenhada por Henrique Antônio Gallucio, durante o governo do capitão geral Fernando da Costa de Ataíde Teive, sob as ordens recebidas do marquês de Pombal.
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Ilustrações e sociabilidades maçónicas no império português na virada do Séc. XVIII para o Séc. XIX


Alexandre Mansur Barata
Universidade Federal de Juiz de Fora


Apesar dos avanços notáveis ocorridos nos últimos anos, a história da maçonaria continua praticamente desconhecida, tanto no Brasil quanto fora dele. A partir das trajectórias de vida do portuense Francisco Álvaro da Silva Freire e do baiano José Borges de Barros, busca-se compreender, por um lado, a inserção da sociabilidade maçônica na América Portuguesa na virada do século XVIII para o século XIX e as conexões existentes entre os maçons dos dois lados do Atlântico. Desta forma, tanto o episódio da prisão de Francisco Álvaro da Silva Freire no Rio de Janeiro em 1799, quanto a tentativa de José Borges de Barros, com auxílio de dois irlandeses, de introduzir dinheiro falsificado em Lisboa em 1803 revelam uma complexa rede de amizades, forjada com base no pertencimento à maçonaria, que aproximava pessoas de diferentes e distantes regiões do Império Português. Busca-se também analisar as complexas relações entre os maçons e as autoridades portuguesas, tanto seculares quanto eclesiásticas.

Intercâmbio entre poderes espiritual e temporal, acção missionária e interacção [...]


Ana Maria Agostinho Libério
Paris IV - Sorbonne


Poucos estudos procuraram estabelecer ligações entre os sistemas de expansão portuguesa e britânica, durante a sua fase inicial, no continente americano. Para mais, os autores que o fizeram frequentemente sugeriram que os Britânicos mostraram pouco interesse pelas populações ameríndias em comparação com os Portugueses (e Espanhóis), sem mais aprofundar.
No entanto, em ambos espaços, os missionários desempenharam um papel fundamental como actores e pioneiros nas relações entre povos ameríndios e Europeus, tanto Ingleses - na Nova Inglaterra - como Portugueses. Proporemos pistas de reflexão para diversas questões: a formulação e os limites do Padroado português%% a demora dos Ingleses para estabelecerem missões%% os métodos, interrogações e dissensões entre missionários à volta da conversão e assimilação das comunidades ameríndias. Por fim, interessar-nos-emos às funções principais exercidas pelos Nativos nos sistemas sócio-económicos luso-brasileiro e anglo-americano, e às reacções dos autóctones frente ao cristianismo. Dedicaremos especial atenção às relações entre jesuítas, puritanos e Ameríndios.

Jaime Cortesão e o significado da expansão portuguesa [...]


Ana Lúcia Lana Nemi
Universidade de São Paulo


Pretendo discutir a influência do debate decimonônico sobre a decadência" nacional na construção da obra historiográfica de Jaime Cortesão. Destacarei, especialmente, dois textos: A formação democrática de Portugal, de 1930, e Os descobrimentos portugueses, obra inacabada editada entre 1960 e 1962.

Jansenismo e reforma da Igreja na América Portuguesa


Evergton Sales Souza
Universidade Federal da Bahia


A penetração das ideias jansenistas no mundo português não é mais objecto de dúvida. Após ter estudado, alhures, suas especificidades e seu papel na reforma da Igreja no Império português, investigo, com maior detalhe, os desdobramentos do jansenismo no Brasil. No espaço lusitano, a adopção e difusão de certas ideias jansenistas, a partir dos anos 1760, foram apoiadas pelo Estado. Em sua cruzada contra os jesuítas, a coroa portuguesa substituiu sistematicamente obras de tendência eclesiológica ultramontana por outras de carácter galicano. Também incentivou o abandono do probabilismo, considerado fonte da moral relaxada difundida pelos jesuítas. Foi sobretudo por meio destes aspectos - morais e eclesiológicos - que se manifestaram as tendências jansenistas na América portuguesa. Fazendo uso, principalmente, de fontes episcopais - instruções pastorais, cartas e escritos diversos -analisarei algumas das características do jansenismo e, mais amplamente, do pensamento reformador no Brasil do último terço do século
XVIII.

Seja bem-vindo/a à Biblioteca Digital Camões!

A disponibilização de um conjunto de textos e documentos de grande relevância cultural e linguística insere-se na missão do Instituto Camões: A promoção da língua e cultura portuguesas, de que se vem ocupando desde 1929.

A Biblioteca Digital Camões pretende fazer chegar o Português a um universo cada vez mais amplo de falantes e estudantes do Português. Nos próximos meses receberá novos e diversificados parceiros, que a enriquecerão com as suas contribuições e cooperarão na preparação do Instituto Camões para o Séc. XXI.

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