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Carta a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil
Pêro Vaz de Caminha
A publicação deste texto foi gentilmente autorizada por Publicações Europa-América.
© 1997, Parque EXPO 98. S.A.
ISBN 972-8127-87-1
Lisboa, Maio de 1997
Versão para dispositivos móveis:
2009, Instituto Camões, I.P.
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CARTA A EL-REI
D.MANUEL SOBRE O
ACHAMENTO DO BRASIL
Senhor:
Posto que o capitão desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que -para o bem contar e falar – o saiba fazer pior que todos.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para alindar nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem? e singraduras? do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado. Portanto, Senhor, do que hei-de falar começo e digo:
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi, segunda-feira, 9 de Março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e as nove horas, nos achámos entre as Canárias, mais perto da Grã-Canária, onde andámos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de São Nicolau, segundo o dito Pêro Escolar, piloto.
Na noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com sua nau, sem haver tempo forte nem contrário para que tal acontecesse. Fez o capitão suas diligências para o achar, a uma e outra parte, mas não apareceu mais!
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo?, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa?, que foram 21 dias de Abril, estando da dita ilha obra de seiscentas e sessenta ou seiscentas e setenta léguas, segundo os pilotos diziam, topámos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho?, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno?, E, quarta-feira seguinte (22 de Abril), pela manhã topámos aves e que chamam fura-buxos?.
Neste dia, a horas de véspera?, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome - o MONTE PASCOAL -e à terra - a TERRA DA VERA CRUZ.
Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças?, e, ao sol-posto, obra de seis léguas de terra, surgimos âncoras?, em dezanove braças - ancoragem limpa. Ali permanecemos toda aquela noite. E à quinta-feira (23 de Abril), pela manhã, fizemos vela e seguimos direitos à terra, indo os navios pequenos diante, por dezassete, dezasseis, quinze, catorze, treze, doze, dez e nove braças, até meia légua da terra, onde todos lançámos âncoras em frente à boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem &ag