Para escutar um excerto de uma das faixas do disco
 

Aula Magna 1983, Trovante

CD1

1. Lua de Março
2. Pedra no Charco
3. Ribeirinho
4. Ibérica

5. Oração
6. Outra Margem
7. Rio Largo de Profundos
8. Aramba
9. Combio

CD2

1. Lisboa
2. Linha de Fronteiras

3. Mulata
4. Molinera
5. Garraida
6. Saudade
7. N’vula
8. Namoro
9. O Barco Vai de Saída
10. Prima da Chula
11. Não Há Três sem Dois
12. Uns Vão Bem Outros Mal

A apresentação deste CD é possível devido ao acordo estabelecido entre a EMI - Valentim de Carvalho e o Instituto Camões.


TROVANTE

AULA MAGNA

1983

‘Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado...’

Os Trovante, “filhos da trova e do trovão, como alguém lhes chamou há vinte anos..., ficaram na História como uma espécie de pérola preciosa que de repente desapareceu escondida numa concha, algures no Oceano, deixando saudades em todos os que cresceram a ouvi-los cantar.

Ao Vivo Na Aula Magna – 1983, como que para amenizar essa saudade, recorda, em registos há muito esquecidos, um grande momento da carreira dos Trovante, o primeiro grande concerto dum grupo que tinha conseguido ao longo dos dois ou três anos anteriores criar uma verdadeira lenda actuando em Festivais.

Dia 28 de Maio de 1983, a Aula Magna ia ser palco duma dupla estreia – por um lado, os Trovante davam o seu primeiro grande espectáculo; pelo outro, a Aula Magna recebia pela primeira vez uma banda portuguesa. A noite era de nervosismo e expectativa. A carreira destes jovens podia depender daquela “prova de fogo”. Alguns dos membros da banda, mais pessimistas, imaginavam um cenário negro, com meia dúzia de pessoas a assistir... mas cedo se dissiparam as dúvidas.

(…)

(…)

Numa sala com uma lotação de mil e oitocentas pessoas, subitamente surgiram duas mil e trezentas! Desde o primeiro acorde até ao fim do espectáculo, a noite foi apoteótica, com o público a aplaudir freneticamente, a cantar e a dançar ao som de canções como Prima da Chula, Saudade ou Outra Margem, sempre num cenário de alegria e numa comovente dança de isqueiros. O próprio palco, tal era naquela noite a lotação da Aula Magna, encheu-se de pessoas, que cantavam e dançavam com os Trovante, num ambiente de calor e delírio inesquecível.

A noite mergulhou nas raízes populares da música portuguesa e na aclamação dos primeiros êxitos do grupo, incluídos nos lp’s ‘Baile no Bosque’ e ‘Cais das Colinas’. Ouviram-se ecos da música irlandesa, com Molinera, e dos ritmos africanos de N’Vula. Os “Sete Magníficos” demonstraram ser uma das maiores bandas que Portugal iria conhecer, recriando também temas de Fausto, Zeca Afonso ou Sérgio Godinho, e revelando em primeira mão um par de canções novas.

Com a Aula Magna a “rebentar pelas costuras”, os músicos regressaram ao palco para 4 encores, sempre com o público em delírio, nunca cansado – e até foi preciso repetir reportório! Aquela noite provava que Portugal estava rendido à música dos Trovante. O resto é História...

Passados 20 anos, surge o disco que revela esse momento inesquecível. Para todos os fãs é um disco de sonho.

Ao Vivo Na Aula Magna – 1983, um documento delicioso resgatado dos arquivos quando Manuel Faria, às voltas com uma fascinante biografia do grupo, procurava material inédito, oferece todos os grandes momentos daquela noite. E permite-nos um caloroso regresso ao passado.

Este álbum duplo devolve-nos a frescura, o talento e a alegria dos Trovante. É provavelmente o melhor registo ao vivo que deles conhecemos. E apresenta-nos vários trechos de outros compositores que nunca tinham surgido em disco interpretados pelos Trovante. É uma peça rara de colecção; que prova que os tais filhos da trova e do trovão são um fenómeno da natureza – insubstituível e imortal.

Ah... saudade!

Departamento de Promoção da EMI – Valentim de Carvalho / Junho de 2003



© Instituto Camões, 2003