Partimos à procura de uma terra envolta pelo rio Douro, a quem Dom Dinis, em 1299, atribuiu o primeiro foral, e que se tornou mundialmente famosa pela descoberta de uma ancestral forma de comunicação: as gravuras rupestres.

Situada no extremo norte do distrito da Guarda, Vila Nova de Foz Côa é a sede do concelho, constituído por 17 freguesias, apresentando um importante património arquitectónico e arqueológico.

Vamos, em primeiro lugar, fazer uma rápida visita à cidade.
Caminhamos até à Praça do Município e paramos a admirar o pelourinho quinhentista, feito em granito. Passamos agora à Igreja Matriz, e admiramos todo o trabalho do alçado frontal, de estilo manuelino, e as duas esferas armilares existentes no pórtico. De seguida, rumamos em direcção à Capela de Santa Quitéria, que foi outrora uma sinagoga.

Este rápido passeio é apenas uma pequena amostra do vasto património e arquitectura que este concelho possui. Castelos, igrejas, pelourinhos, solares, pontes e estradas romanas fazem-nos recuar na história.
Quisemos saber mais sobre esta terra.

A nossa curiosidade volta-se agora para as famosas gravuras.

Sabemos que, em 1994, Foz Côa contribuiu para o enriquecimento do património mundial através da descoberta do maior complexo de arte rupestre ao ar livre, até então conhecido. No vale do Côa eram descobertos desenhos nas rochas xistosas gravadas pelo homem cerca de 20 000 anos antes. E assim recuamos até ao homem do período paleolítico.

O conhecimento desta descoberta chegou à UNESCO, que lhe atribuiu a classificação de Património Cultural da Humanidade, facto que impediu a continuação da construção de uma barragem que para ali estava projectada. O crescente interesse pelas gravuras resultou no nascimento do Parque Arqueológico do Vale do Côa.

Desde 1996 o Parque Arqueológico organiza visitas guiadas às gravuras rupestres. Vamos a isso!

Somos recebidos nos Centros de Recepção instalados nas aldeias de Muxagata e Castelo Melhor, a partir das quais somos transportados, em viaturas todo-o-terreno.

Decidimos visitar três núcleos de gravuras: o da Canada do Inferno (a partida faz-se no centro da cidade, desde a sede do Parque), o da Penascosa (parte de Castelo Melhor) e o de Ribeira dos Piscos (desde a aldeia de Muxagata).

Na região de Freixo de Numão, situada a 12 Km oeste de Vila Nova de Foz Côa, surpreendemo-nos com o número de achados arqueológicos, desde a idade do Bronze até ao século XVIII. O Museu da Casa Grande ocupa uma casa com fundações romanas e nele podemos observar vários instrumentos, mobiliário proveniente de várias vilas romanas e joalheria medieval.

Cansados do esforço físico a que a visita nos obrigou, paramos para observar algumas peças de artesanato e saborear uma refeição reconfortante: nada como um cozido suculento, salteado com couves tenras e regado com um maduro genuíno do Douro.
Em jeito de conclusão, relembramos aspectos importantes deste local em que História e Natureza vivem em harmonia.

Depois de distrairmos os olhos com belas fotografias da região, decidimos começar a nossa viagem de regresso. Partimos, levando connosco a beleza e o delicado perfume das amendoeiras em flor.


© Instituto Camões, 2003