A nossa viagem começa à descoberta da origem do topónimo.

Estamos no centro histórico, os vestígios das muralhas remetem-nos para tempos muito antigos. O Castelo de Portalegre, reforçado por D. Dinis e objecto de posteriores modificações, situa-se na parte mais alta da antiga povoação.

Cidade desde 1550, Portalegre apresenta um legado arquitectónico invejável. Verdadeiro ex libris da cidade é a Sé Catedral, diante da qual nos encontramos agora. A sua construção data do século XVI. No século XVIII, foram feitas alterações profundas no edifício, sobretudo no exterior. Os retábulos, dos séculos XVI e XVII, constituem o maior conjunto de pinturas maneiristas do país.

Não longe da Sé encontra-se o Convento de São Bernardo, também do século XVI, um dos mais sumptuosos existentes em Portugal. O portal é de 1538. Os painéis de azulejos têm menos dois séculos e são barrocos. Não podemos deixar de ver também a fonte de mármore.

Outros edifícios atestam a presença da arquitectura religiosa um pouco por toda a cidade. É o caso dos conventos de São Francisco e de Santa Clara. É igualmente o caso de várias igrejas, como a de S. Lourenço e a do Senhor do Bonfim, bons exemplos de arte barroca em Portalegre.

Fazemos agora uma pausa para um saboroso café da manhã e entabulamos conversa com um habitante local que, num sotaque característico da região, nos fala com orgulho da sua terra. Diz-nos que igrejas e palácios é o que não falta em Portalegre! Pergunta-nos se já vimos o Palácio Amarelo, um solar do século XVII cujo nome se deve à cor actual das suas paredes. «Há que ver as sacadas em ferro forjado com atenção!» recomenda.

Despedimo-nos do Sr. Pacheco e saímos para confirmar que, de facto, são muitas as casas brasonadas em Portalegre. Vamos passar também pelo Palácio da família Achaioli, com uma escadaria de pedra trabalhada e azulejos azul cobalto, com motivos oitocentistas. Actualmente, funciona neste edifício a Escola Superior de Educação de Portalegre. Vê-la-á assinalada no mapa da cidade.

São quase horas de almoço e pensamos já numa especialidade da cozinha alentejana. Somos tentados por um prato de enchidos, com chouriço e farinheira, enquanto procuramos uma boa sugestão de cozinha regional. Aqui está uma boa opção: migas com carne à alentejana, um prato que também podemos aprender a confeccionar.

O calor e o farto almoço convidam à indolência... mas não temos tempo a perder! No roteiro dos museus, vamos primeiro ao Museu de Tapeçaria de Portalegre - Guy Fino, instalado no Palácio Castelo Branco. As tapeçarias de Portalegre são famosas. No passado, a indústria têxtil foi um dos motores de desenvolvimento da cidade e da região.

No Museu Municipal, apreciamos algumas peças de arte sacra (a colecção mais rica e variada do acervo do museu) e uma colecção de faianças portuguesas.

Vamos também à Casa-Museu José Régio. Comemora-se este ano o centenário do nascimento deste poeta. O sítio do Instituto Camões apresenta O Caso das Cartas dos Poetas, uma história interactiva em torno deste evento.

José Régio viveu nesta casa e aqui reuniu uma vasta colecção de peças variadas, nomeadamente de arte sacra e de arte popular. É uma boa altura para ler a evocação que da casa e da cidade nos faz o poeta na sua Toada de Portalegre, ao som de uma música de fundo que nos convida ao repouso.

Entardece na cidade. Aproveitamos para estabelecer o nosso programa para a noite com uma consulta breve à Agenda Cultural de Portalegre. A fresca encosta da Serra de São Mamede sorri-nos...

Neste fim de tarde, a Serra deve proporcionar uma vista incrível sobre a cidade. Pegamos no carro e vamos terminar a tarde no Miradouro da Serra de São Mamede, a cerca de 628 metros de altitude.

© Instituto Camões, 2001