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Era um dia de Outono enevoado,
o cheiro das castanhas pairava no ar e eu tinha decidido passar a tarde numa
modorra agradável, adiando a correcção dos exames para o dia seguinte. Acendera
já um cachimbo e preparava-me para ouvir as Variações Goldberg, deixando-me
envolver pela música de Bach, quando o ruído estridente do telefone veio
perturbar esta calma:
- Preciso que descubra se
certas cartas são uma falsificação…
Ora, como já devem ter
percebido não sou um detective tradicional, daqueles com escritório montado,
cigarro ao canto da boca e que lidam com as gentes mais diversas, do polícia à
prostituta. Contudo, tinha-me acontecido resolver um caso de falsificação de um
manuscrito, que me tornara célebre entre amigos e conhecidos. Mesmo assim, o
telefonema apanhou-me de surpresa, e pedi:
- Talvez o melhor seja começar
pelo início…
… e dizer-me algo sobre o
hipotético autor das cartas.
… e dizer-me porque admite a
possibilidade de uma falsificação.
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