Observámos
com atenção a terceira e última carta. Desta feita tratava-se de uma missiva
de Mário de Sá-Carneiro para Fernando Pessoa. Comecei a ler em voz alta,
enquanto ela me escutava atentamente, de olhos fixos em mim, o que me transmitia
uma sensação agradável mas ao mesmo tempo me perturbava um pouco:
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Custa-me muito a escrever-lhe esta carta dolorosa – dolorosa para mim
e para você. Mas por mim já estou conformado. A dor é pois neste momento
sobretudo pela grande tristeza que lhe vou causar. Em duas palavras: temos
desgraçadamente de desistir do nosso ORPHEU. Todas as razões lhe serão dadas,
melhor, pela carta do meu pai que junto incluo e que lhe peço não deixe de
ler. Claro que é devido a um momento de exaltação. No entretanto cheia de razões
pela conta exorbitante que eu obrigo o meu Pai a pagar – o meu Pai que foi
para África por não ter dinheiro e que lá não ganha sequer para as despesas
normais, quase. Compreende que seria abusar de mais.
A
carta prosseguia neste tom e parei por ali. A missiva datava de 13 de Setembro
de 1915, o que a tornava possível.
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Bem, já sabemos que Orpheu foi uma
das importantes publicações do primeiro grupo modernista tal como a Presença foi a revista do segundo grupo modernista – comecei eu.
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Basta então confirmar as datas de edição de Orpheu,
nos livros que aqui temos – afirmou ela.
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