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Fui mais uma vez à biblioteca e procurei uma edição do século XX da Lírica Camoniana. Li atentamente muitos poemas e seleccionei um soneto que me impressionou pela sua actualidade.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Contudo, reli os meus apontamentos  e verifiquei que só se publicaram, em vida de Camões, três poemas líricos que foram inseridos na obra de um outro autor - o cientista Garcia da Orta -  e o soneto «Vós, ó ninfas da gangética espessura». Houve, de facto, pelo menos uma publicação de poemas intitulada «Rytmas de Luís de Camões» e que foi editada em 1595. Contudo, por essa data, o Poeta já tinha falecido.

Tudo apontava para que o manuscrito só pudesse dizer respeito ao Poema Épico «Os Lusíadas», por ter sido a única obra sua completa publicada em vida.

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