O CASO DA CALÇADA DO JASMIM

 

 

UM CRIME?

Terça-feira, seis de Maio. São catorze horas.

A D. Odete não é vista no seu bairro desde hoje de manhã.

As janelas da sua casa estão abertas, mas o correio de hoje continua na caixa.

A D. Odete tem sessenta e dois anos. É uma senhora tão bem conservada que ninguém adivinha a sua idade. É baixa e ligeiramente forte. Tem olhos verdes e anda sempre muito arranjada.

É uma senhora com uma expressão simpática, muito afeiçoada a bichos. Ela própria tem um gato, que se recusa agora a descer do telhado.


Os vizinhos começam a ficar preocupados. A D. Odete não costuma ausentar-se sem avisar. A D. Maria, que mora quase em frente, dá o alerta:

- Alguém viu a D. Odete? Hoje de manhã convidei-a para almoçar comigo, mas não apareceu até agora. Já bati à porta, mas ninguém responde.

Os vizinhos decidem forçar a porta do n° 3 da Calçada do Jasmim. Ficam boquiabertos com o que vêem.

No sofá, a D. Odete está imóvel, a cabeça caída para a frente, o corpo hirto. Ao seu lado, um copo meio de água e uma caixa de medicamentos, vazia. A D. Maria reconhece imediatamente o medicamento que a dona Odete costumava tomar.

O que aconteceu? O que se passou, ao certo ninguém sabe. Aparentemente, trata-se de um suicídio. Mas todos consideram essa hipótese improvável. Por isso, resolvem comunicar a ocorrência às autoridades.

O inspector Severino toma conta do caso e dá início ao inquérito no dia seguinte.

Tira o bloco do seu bolso. De cachimbo na boca, prepara-se para escutar cada testemunha e encontrar, com a sua ajuda, a pista certa para esclarecer a verdadeira causa da morte da D. Odete. Esteja atento. Leia o depoimento da primeira testemunha.