Localização das Amostras - Gravações do Grupo de Variação do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa  -  Registos Sonoros


Dialectos portugueses setentrionais:

região subdialectal do Baixo-Minho e Douro Litoral
Vila Praia de Âncora 
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INF = Informante

INQ = Inquiridor

 

INF Essas barracas de madeira, pode haver alguma mas é (…) para arrecadação, assim de animais, (…) de sargaço (…) e coisas (…) de lavradores. Isso é que pode haver. Mas… Mas para viver, não.

INQ Para viver não…

INF Para viver, não há mais de madeira, não senhor. Para viver, não vejo aqui nada. Não senhor. Eu nasci. (…) Eu nasci numa barraca de (madeiramento) – tudo em madeira. De madeira. Olhe, eu, quer que lhe diga, eu nasci num ponto, minha senhora – desculpe que lhe diga – cheio de piolhos, pulgas, percevejo, ratos, de tudo. Eu vivi no meio disso tudo. E depois é que veio, mais tarde – isso já era eu casado… Depois já era casado eu. E depois, quando eu era casado, é que veio uma lei de Lisboa – ou donde fosse, do Porto, ou donde fosse – (de) dar aqui uma desinfecção por toda esta zona, (…) uma desinfecção que botavam (de) criolina e… Houve… Havia aqueles pós para matar os piolhos e tudo, e percevejos e tudo. Daí para cá, minha senhora, é que nunca mais se viu esses bichos. Nunca mais…

 

© Instituto Camões, 2002