Localização
das Amostras - Gravações do Grupo de Variação do Centro de Linguística
da Universidade de Lisboa - Registos Sonoros
Dialectos
portugueses centro-meridionais:
região
subdialectal do Barlavento do Algarve
Porches
3
INF
= Informante
INQ
= Inquiridor
INF Não há quem semeie, não há quem vá fazer esse serviço, porque (…) ele está tudo muito caro e não há quem faça. Mesmo pagando o dinheiro, não há quem queira ir fazer. Só porque querem trabalhar aí (…) nas coisas, nas obras, aí na construção. Trabalham mais do que trabalhavam aí no campo. Mas consideram eles… O trabalho aí nas obras, consideram aquilo um emprego (…) de estado.
INQ Mais importante.
INF E de maneira: nem para eles, eles semeiam. Nem para eles! Onde é que eles mesmo trabalhandem, em ganhando o dinheiro, podiam semear alguma coisinha para eles. Enquanto comiam daquilo que eles recolhiam, estavam a gozar daquilo. Mas não: "Eu, tenho muito dinheiro. Ah! Vou-me à praça compro (…) e é mais barato do que andar trabalhando e coiso e tal". E não querem. Já ninguém quer trabalhar. De maneira que (…) os campos estão todos abandonados. Ninguém já faz nada.
© Instituto Camões, 2002