desertificação

A aridez dos solos atinge a totalidade do interior algarvio e o Alentejo. Nesta região, o fenómeno assume proporções quase dramáticas, na margem esquerda do Guadiana, nos concelhos de Mértola, Castro Marim e Alcoutim. Mas a desertificação não está confinada ao Sul do País. Todo o interior raiano, do Algarve a Trás-os-Montes, está a ficar deserto, a nível de perda de potencial biológico dos solos. (...)

(...) [O] coordenador do Programa de Acção Nacional para Combate à Desertificação (PANCD) aponta uma cadeia de factores que concorrem para o empobrecimento da terra. Desde logo a susceptibilidade natural de algumas regiões, aliada ao mau uso do solo, mas também os incêndios e reflorestações mal conduzidas. A seca severa, que este ano afecta Portugal, é mais um elemento a contribuir para um retrato pouco animador. João C., da Universidade de Évora, embora recuse apontar as alterações climáticas como causa da falta de chuva, admite que o aquecimento global vai provocar períodos secos mais frequentes e longos.

A desertificação não se explica só por factores físicos. Os problemas socioeconómicos, que afastam as pessoas do interior para as cidades do litoral, deixam as terras ao abandono e indefesas perante os incêndios que devoram centenas de hectares e provocam forte erosão nos solos.

(http://dn.sapo.pt/2005/06/17/sociedade/desertificacao_atinge_36_continente.html)