Os seres vivos transmitem as suas características à geração seguinte através dos cromossomas, que permitem o
processamento da informação que passa entre gerações. Cada cromossoma é constituído por genes que, consoante o
arranjo molecular do ADN (Ácido Desoxirribonucleico), comandam a expressão de determinada proteína, que pode
inibir ou activar um determinado comportamento nas células. Os organismos transgénicos viram a sua informação
genética inicial alterada, através da inserção de um gene específico proveniente de outra espécie no seu
património genético.
Foi no campo da medicina que se iniciou a transferência de genes entre diferentes espécies. Na duas últimas
décadas essa transferência deu-se também nas plantas para consumo humano, originando alimentos geneticamente
modificados. Desde então, as discussões a favor e contra os organismos geneticamente modificados (OGM),
têm estado ao rubro. (...)
Com o clima de medo instalado na opinião pública europeia devido à doença das vacas loucas e à desconfiança
nas instituições governamentais, só uma informação isenta e baseada em factos científicos poderá levar um
cidadão informado a fazer a sua escolha, partindo do princípio que a rotulagem dos alimentos torna essa escolha
possível. É que um OGM não apresenta nenhuma característica fenotípica (externa) específica, podendo o
consumidor estar a "comer gato por lebre".
A agricultura e os transgénicos
O uso de transgénicos na agricultura passa pela:
a) introdução nas plantas de genes de bactérias indutores da produção de substâncias com poderes insecticidas,
tornando-as produtoras dessas toxinas. É o caso das plantas Bt, nas quais é introduzido um gene da bactéria
Bacillus thuriengiensis. Sendo um dado adquirido a capacidade de adaptação dos organismos, prevê-se para um futuro
próximo a aquisição de resistência por parte de algumas espécies de Leptidópteros (borboletas) a estas toxinas.
Estudos recentes têm chegado a resultados contraditórios sobre a possibilidade de outros organismos poderem ser
inadvertidamente atingidos por estas substâncias. Por exemplo, após um estudo que demonstrava que o pólen de
milho transgénico poderia matar as larvas da borboleta monarca, novos trabalhos mostram que as concentrações de
pólen nas folhas do milho transgénico, principal fonte de alimento das larvas, são muito baixas para causarem
danos. (...)
Um dos argumentos mais nobres usado pelos defensores dos OGM é a necessidade cada vez maior de
alimento para uma população em crescimento. Em algumas regiões do planeta, as alterações climatéricas e/ou as
situações de conflito, têm prejudicado as colheitas agrícolas. A obtenção de cultivares mais robustas, adaptadas
a condições mais adversas (falta de água e de nutrientes), só poderá ser benéfica para estas populações. Também
a resistência a certos herbicidas, necessários para combater pragas, seria uma condição vantajosa. A selecção
de determinadas variedades melhoradas de cereais tem sido orientada neste sentido. Os OGM prometem uma
maior produção e espécies mais resistentes. Com o uso de menos fertilizantes e pesticidas o ambiente sairá
beneficiado.
(http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=4114&iLingua=1)
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