Professor de Semiótica e Teoria da Cultura, investigador na área da filosofia comunicacional, ensaísta, Luís Carmelo recupera neste livro a história da poesia ocidental desde os mitos de origem das chamadas «religiões do Livro», até ao hiper-realismo da vida escrita em linha.
Cerca de 100 poemas de 33 poetas, publicados nas décadas de 1990 e 2000, servem de base a esta análise académica sobre a mais recente poesia portuguesa, lida no quadro da cultura contemporânea: massificada, urbana, esteticizada, hipertecnológica.
Abandonadas a busca da transcendência e do telúrico, as parábolas, as utopias, as figuras tutelares, aos poemas citados une-os o regresso ao presente – desinteresse pelo passado e pelo futuro – a emotividade (com pendor para a melancolia e para a orfandade), o realismo, a descrição do quotidiano, do empírico, do trivial.
Esta primazia do espaço sobre o tempo ganha contornos particulares no caso do cibertexto poético: imediato, reescrito, não definitivo, criador do próprio contexto, feito de constantes interferências e interfaces, tendencialmente não autoral.