Velhas Estórias
José Luandino Vieira

Editorial Caminho
2006, 204 pp.
ISBN: 972-21-1788-2


Escrito em 1974 e agora reeditado pela Caminho, este livro narra, ao jeito dos velhos contadores de histórias, os casos de um cabrito malanjino que tocava viola e vivia sem destino, de uma menina manana, filha de musseque gentio e noiva de quem não conhecia, de uma menina santa e do último quinzar de Makulusu.

Português por nascença (1935) e angolano pela participação no movimento de libertação e democratização do país, José Luandino Vieira é um dos mais representativos e singulares escritores da África de expressão portuguesa e um dos primeiros autores a trazer a crioulidade para a literatura. Dono de uma prosa poética onde se expressa a oralidade, o olhar acutilante sobre a realidade, a voz dos oprimidos, o vencedor do Prémio Camões 2006 (que recusou por razões pessoais) procurou criar uma linguagem literária a partir dos processos e das estruturas linguísticas bantas da região de Luanda, uma escrita «homóloga da linguagem popular e não a sua cópia ou a sua reprodução», como explicou numa entrevista a Pires Laranjeira, em 1994.

Poeta, contista, tradutor, de seu nome completo José Mateus Vieira da Graça, foi com três anos de idade para Angola e fez os estudos liceais em Luanda, cidade onde seguiu a carreira comercial, tendo chegado a gerente de uma empresa. Preso em 1961 por alegadas ligações ao MPLA, foi em 1963 desterrado para o Tarrafal, Cabo Verde, donde voltou a Lisboa em 1972 para aqui viver em regime de liberdade condicional e de residência fixa, regressando a Angola em 1975. Durante a sua estada em Portugal trabalhou numa editora e exerceu actividade como tradutor. A sua estreia literária foi feita na revista Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império de Lisboa, em 1950. Já com vários prémios literários – Sociedade Cultural de Angola (1961), Casa dos Estudantes do Império de Lisboa (1961), Associação dos Naturais de Angola (1963) e Prémio Mota Veiga (1963) – foi-lhe atribuído em 1965 o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Autores pelo seu livro Luuanda, facto que levou à destruição e posterior ilegalização daquela Sociedade.

Depois da independência angolana foi nomeado para a direcção da Televisão Popular de Angola, que organizou e dirigiu de 1975 a 1978, para o Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA, que dirigiu até 1979, e para o Instituto Angolano de Cinema, que dirigiu de 1979 a 1984. Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, exerceu a função de Secretário-Geral desde a sua fundação, em 1975, até 1980. Foi Secretário-Geral Adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos, de 1979 a 1984, e de novo Secretário-Geral da União dos Escritores Angolanos, de 1985 a 1992. Após o colapso das primeiras eleições, em 1992, e do recrudescimento da guerra civil, abandonou a vida pública, dedicando-se unicamente à literatura. Usou os pseudónimos de Luandino Vieira, José Graça e José Muimbu.


Esta secção tem a colaboração de
«BULHOSA  LIVREIROS»
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© Instituto Camões, 2006