Sophia de
Mello Breyner Andresen, O Colar
Editorial Caminho
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«PRÓLOGO
Veneziano:
Esta
História aconteceu
Num pais chamado Itália
Na cidade de Veneza
Que é sobre água construída
E noite e dia se mira
Sobre a água reflectida.
Suas
ruas são canais
Onde sempre gondoleiros
Vão guiando barcas negras
Em Veneza tudo é belo
Tudo rebrilha e cintila
Há
quatro cavalos gregos
Sobre o frontão de S. Marcos
E a ponte da Giudeca
Desenha aéreo o seu arco
Em Veneza tudo existe
Pois é senhora do mar
Dos
quatro cantos do mundo
Os navios carregados
Desembarcam no seu cais
Sedas tapetes brocados
Pérolas rubis corais
Colares anéis e pulseiras
Perfumes orientais
Cidade
é de mercadores
E também de apaixonados
Sempre perdidos de amores
E cada dia ali chegam
Persas judeus e romanos
Franceses e florentinos
Artistas e bailarinos
E ladrões cavaleiros
Aqui
só há uma senhora
As prisões da Signoria
E os esbirros do doge
Que espiam norte e o dia
De resto em Veneza há só
Dança canções fantasia
Cada
ano aqui se tecem
Histórias tão variadas
Que às vezes até parecem
Aventura, inventadas
Por
isso aqui sempre digo
Que Veneza é como aquela
Cidade de Alexandria
Onde há sol à meia-noite
E há lua ao meio-dia.»
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