Não Há Poetas Felizes
Não há Poetas Felizes
José Jorge Letria

Indícios de Oiro, Edições Lda
2006, 76 pp.
ISBN: 972-99465-7-4

www.indiciosdeoiro.web.pt


O amor, «a tentação da felicidade que integra o amor» e a denúncia social e política constituem alguns temas de eleição de Não há Poetas Felizes, obra de José Jorge Letria, recentemente publicada.

«Pobre língua portuguesa/que tão vilipendiada andas/na boca e na escrita/de quem te não sabe usar./És agora uma mãe vetusta e agastada, vendo os vocábulos da tua estirpe/ a serem mutilados, reduzidos/à poeira densa de um calão de feira/entre gigantones e mulheres bicéfalas./A que tu chegaste, minha língua-mãe,/ressequida pelo emudecimento das vogais,/ pela ausência total de concordância,/pelo bacoco neologismo que confunde/e empobrece, por tudo afinal/que faz de ti a matéria violentada/em que continua a mergulhar,/sublime e pura, a raiz da nossa fala./De uma mãe assim tratada/só pode nascer uma pátria analfabeta,/que se imbeciliza para ser mais dócil,/silenciando em quanto diz/o tonitroar da revolta feita libelo/e o grito da paixão tornada manifesto./O que eu não faria para te salvar!»

«Se alguém me pudesse amar», os círculos perfeitos do olhar, tu sabes sempre do que falo, a poesia sem uma queixa, quando a poesia me evita, nenhum amor é tardio, Modigliani e Breton num banco de rua, a memória até ao fim, que mais te hei-de dizer?»

José Jorge Letria nasceu em Cascais, em 1951. Estudou Direito e História, tendo desempenhado funções nas áreas do jornalismo e da política. É autor, intérprete e compositor de várias músicas para filmes. Como escritor, publicou quase duas centenas de títulos nas áreas da poesia, do conto, do teatro e, sobretudo, da literatura para a infância e juventude.


Esta secção tem a colaboração de
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