O Último Negreiro
O Último Negreiro
Miguel Real

QuidNovi
2006, 398 pp.
ISBN: 972-8998-39-2

www.quidnovi.pt



A história do último traficante de escravos portugueses, Francisco Félix de Sousa, é contada por Miguel Real neste romance sobre a escravatura.

Numa viagem entre o Brasil e a África, nos séculos XVIII e XIX, convivem diversas personagens que enriquecem a biografia do negreiro português: o banqueiro Marinhas, financiador do tráfico de escravos, os judeus Simão e Samuel Dias, D. Francisquinha, viúva carinhosa apaixonada por Félix de Sousa, o povo miúdo mulato, o soldado Luiz Gonzaga das Virgens, o comerciante iluminista Francisco Agostinho Gomes, o Dr. Baratinha, herói da libertação do Brasil, o professor de Grego e Latim, Moniz Barreto e Aragão, e o tenente Hermógenes Pantoja.

«Francisco Félix de Sousa não conhecera a mãe, morta quando o dera a luz, fora amamentado pelas negras fuscas do pai, brincando com os filhos dos escravos, molequinhos que o enchiam de bordoada sempre que tentava superiorizar-se-lhes. Com cinco anos, começara a aprender o ofício de tratador de escravos, acompanhando o pai pelas ruas de São Salvador, que arrastava três ou quatro pretos num varal, batendo as palmas, soprando um cornetim e pregoando as especialidades profissionais das suas mercadorias – uma lavadeira, uma confeiteira, um hortelão, um carpinteiro, uma cozinheira –, e as senhoras, assomadas às varandas, cobrindo o corpete com um lenço de cassa, ou de cabeçorra espreitando sobre o tapume do jardim, alugavam-nos por uma manhã, tarde ou dia completo – por uma semana, sete dias contados, o pai de Félix fazia mais barato».

Miguel Real nasceu em Lisboa em 1953. É licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Aberta, com uma tese sobre Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa. A sua obra abrange o ensaio, a filosofia, o teatro e o romance, sendo ainda autor de vários manuais escolares e traduções de Filosofia. Recebeu o Prémio Revelação de Ficção da APE/IPLB em 1979 com O Outro e o Mesmo, o Prémio Revelação de Ensaio Literário da APE/IPLB em 1995 com a obra Portugal – Ser e Representação, o Prémio LER/Círculo de Leitores em 2000 (A Visão de Túndalo por Eça de Queirós) e o Prémio Literário Fernando Namora em 2006 (A Voz da Terra). É colaborador do Jornal de Letras, onde faz crítica literária.


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