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Teive, Diogo e João de

Carta das ilhas das Flores e do Corvo do cartógrafo Luís Teixeira de 1587, (P.M.C. vol. III est. 357 A.) reproduzida da obra Os Descobrimentos Portugueses, de Luís de Albuquerque, pág. 29.

Diogo de Teive, escudeiro da Casa do Infante D. Henrique e filho de Lopo Afonso de Teive e de Leonor Ferreira, dirige-se no ano de 1452 para a ilha da Madeira para cumprir o contrato assumido com o Infante em Albufeira, a 5 de Dezembro de 1452, pelo qual se compromete a construir um engenho de água para a produção de açúcar e a entregar a terça parte da sua produção. Nesse mesmo ano de 1452, é atribuída a Diogo de Teive e João de Teive, seu filho do casamento com Leonor Gonçalves Vargas, a descoberta das ilhas das Flores (Flores e Corvo), as últimas a serem conhecidas no arquipélago dos Açores.

De acordo com Jacinto Monteiro, Diogo de Teive terá vindo comunicar de imediato a sua descoberta ao Infante, mas devido à natureza agreste das Flores e Corvo e à sua distância em relação às outras ilhas, terá preferido lançar-se no negócio mais rendoso de construir e explorar o engenho de água, em detrimento da difícil tarefa de exploração destas ilhas inóspitas. Assim, de acordo com este estudioso, Diogo de Teive, sem perder os seus direitos sobre as ilhas das Flores e Corvo, depois de 1452, terá preferido ficar na Madeira e dirigir o contrato feito com o Infante. Segundo Ernesto Gonçalves, Diogo de Teive terá sido eleito vereador da Câmara do Funchal em 22 de Junho de 1470, cargo esse que não terá chegado a desempenhar por ser capitão (sem dizer de qual terra) e em virtude da sua ausência, terá sido excluído do posto para que foi eleito.

Fotografia da ilha das Flores. Povoação da Fajã Grande e Fajã Pequena, Costa Oeste. Fotografia de Hermano Noronha.

A certeza quanto a uma data precisa no descobrimento das ilhas inicialmente chamadas de S. Tomás (Corvo) e Santa Iria (Flores) advém do facto de esta não ficar conhecida em nenhum documento régio que a certifique. Porém é possível delimitar a sua ocorrência através da consulta de outros documentos.

No livro Le Histoire della Vita e dei Fatti di Cristóforo Colombo, Fernando Colombo, filho de Cristóvão Colombo, escreve que Diogo de Teive navegou 150 léguas para Ocidente do Faial, observando aves terrestres no regresso que o decidiram a seguir em sua direcção, descobrindo assim as duas mais ocidentais ilhas do arquipélago açoreano.

Zurara, em1449, na sua Crónica da Guiné, apenas refere a existência de sete ilhas no arquipélago dos Açores. Mais tarde, a 20 de Janeiro de 1453, numa carta de doação de D. Afonso V ao Duque de Bragança, seu tio, encontra-se pela primeira vez a referência à ilha do Corvo. Face à importância desta grande figura da nobreza parece um pouco estranho que lhe tenha sido doado o Corvo e não a ilha das Flores, considerando o insignificante tamanho desta ilha, a distância a que se encontrava do reino e tendo em conta que na Terceira ainda haviam terras por povoar.

Se por um lado o documento de 1453 doa as ilhas das Flores e Corvo ao Duque de Bragança, uma outra carta régia, de 24 de Janeiro de 1475, doa a Fernão Teles de Meneses estas ilhas ditas “foreiras”. Nesta última Diogo de Teive é reconhecido como o achador recente destas ilhas, que por sua morte tinham passado para João de Teive. Neste caso não terá sido Diogo de Teive a fazer valer os seus direitos de descobridor, mas sim seu filho João de Teive, que herda estas terras em 1475, supostamente 22 anos após a sua descoberta, sendo vendidas a Fernão Teles de Meneses, num contrato que celebra pertença e direitos deste último sobre as ilhas das Flores e do Corvo. João de Teive terá ainda recebido outras heranças, entre elas a Serra de Santiago, na ilha Terceira, em finais do século XV, e que terá sido motivo de disputas com Diogo Paim, conflito esse que é resolvido pelo próprio rei D. Manuel, acabando João de Teive por ser nomeado almoxarife régio na ilha de S. Miguel.

Catarina Garcia

Bibliografia
ARRUDA, Manuel Monteiro Velho, “Ensaio Crítico”, in Colecção de documentos relativos ao descobrimento e povoamento dos Açores, Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada,1989, pp.65-73.
CAMPOS, Viriato, Sobre o Descobrimento e Povoamento dos Açores, Lisboa, Europress, 1983.
DIONÍSIO, David, “Teive, João de”, in Luís de Albuquerque (dir.), Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, vol. II, Lisboa, Circulo de Leitores, 1994, p.1019.
LISBOA, Luís João, “Teive, Diogo de”, in Luís de Albuquerque (dir.), Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, vol. II, Lisboa, Circulo de Leitores, 1994, p.1018.
MONTEIRO, Jacinto, “Descobrimento das Flores e Corvo”, in Os Açores e as dinâmicas do Atlântico – do Descobrimento à II Guerra Mundial, Instituto Histórico da ilha Terceira, Angra do Heroísmo, 1989, pp. 247-255.

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