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Falcão, Luís de Figueiredo
L.F.F. nasceu c.1548-49 e veio a falecer a 13 de Janeiro de 1631. Foi casado com D.Maria Quinhones, filha de D.Leonor de Quinhones do serviço da princesa D.Joana, mãe de D.Sebastião e deixou um filho, António Hector de Figueiredo, nascido em 1613 e que terá falecido aos 22 anos, ou seja, apenas 4 depois de seu pai. Outros dados biográficos são as datas de nomeação para vários cargos como o de escrivão da Casa da Índia e Mina a 4 de Junho de 1586; a 5 de Janeiro de 1602 recebe a promessa de um ofício de escrivão da fazenda real, a 22 de Agosto do mesmo ano é nomeado secretário de estado com a responsabilidade de gerir a repartição "das materias negocios e despachos de minha fazenda e patrimonio Real" e em 1609 (8 de Outubro) é investido do cargo de escrivão da Fazenda. Este será o seu último cargo na administração portuguesa, nele servindo quase até à morte. Detinha ainda duas comendas da Ordem de Cristo e foi o fundador do Mosteiro de Santa Clara de Pinhel.
É o autor de duas obras embora seja geralmente associado a apenas uma, o Livro em que se contem Toda a Fazenda [
] (a outra é o Livro das Plantas). O original do primeiro encontra-se à guarda do Arquivo Nacional/Torre do Tombo (ANTT) depois de ter sido dado como perdido por diversos autores, como Frazão de Vasconcelos. Apesar de no frontispício surgir a data de 1607, uma análise cuidada da obra permite verificar que só deverá ter sido concluída entre 1617 e 1619. A edição do século XIX é bastante correcta e permite um feliz acesso à obra. Alguns dos temas tratados e que tornam esta obra fundamental para o estudo económico dos finais do século XVI e princípios do XVII são os seguintes: Orçamento de Estado para o ano de 1607 (pp.5-45); Dois contratos de arrendamento do comércio da pimenta (pp.46-74); Rendimentos e despesas do Estado da Índia (pp.75-116); Relação das armadas desde Vasco da Gama (1497) até 1612 (pp.137-196); Quadros com os custos dos mantimentos e soldos para uma viagem da Carreira da Índia que contêm três desenhos únicos da distribuição dos espaços dentro de uma nau (pp.198-200A). A parte mais surpreendente do original são as ilustrações. Todo o códice encontra-se decorado com pequenos desenhos de traço bastante fino.
A segunda obra de L.F.F. é o Livro das Plantas que repousa também no ANTT. Este não foi executado pelo próprio mas apenas coordenado por si. As datas que aparecem no corpo do texto são, o mais tardar, de 1617, o que constitui o único indicador quanto à data de conclusão do mesmo. Nesta obra destacam-se os mapas e plantas que representam não só portos e estuários de rios, mas também fortes. Algumas destas representações são de grande beleza pela rica decoração, apresentando pormenores admiráveis, caso de navios, casas e acidentes naturais.
Sem ser uma figura marcante ou decisiva na época esta é acima de tudo a vida e percurso de um funcionário, como tantos outros, que por razões muito especiais conseguiu fugir do olvido.
Rui Godinho
Bibliografia
FALCÃO, Luis de Figueiredo, Livro em que se contem Toda a Fazenda, & Real Patrimonio dos Reynos de Portugal, India e Ilhas Adjacentes, & outras particularidades, Lisboa, 1859.
GODINHO, Rui Landeiro, Luis de Figueiredo Falcão e o livro em que se contem toda a fazenda
, Anais Idrográficos [Comunicação apresentada na Xª Reunião Internacional de História da Náutica e da Hidrografia, Rio de Janeiro, 2001], edição em preparação.
SOLEDADE, Fernando de, História Seráfica Cronológica da Ordem de S.Francisco na Provincia de Portugal, Vol. V, Lisboa, 1721.
VASCONCELOS, José Augusto Frazão de, "Luis de Figueiredo Falcão
", Boletim Geral do Ultramar, Ano XXX, nº 351, Setembro de 1954, pp.111-123.
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