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Rota seguida por Bartolomeu Dias
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É difícil reconstruir com exactidão a vida de Bartolomeu Dias. Não existem informações quanto à data e ao local do seu nascimento e, dos dados conhecidos anteriores à viagem que o tornou célebre, podemos apenas afirmar com certeza que Bartolomeu Dias foi escudeiro de D. João II e que acompanhou Diogo de Azambuja a S. Jorge da Mina, ajudando-o na tomada da fortaleza. Em 1478 estaria envolvido em acções de corso e terá sido esse o motivo que levou o rei a conceder-lhe o quinto real das presas por ele tomadas. Certamente pertenceria à pequena nobreza como muitos capitães do seu tempo.
Quando D. João II subiu ao trono, tornou-se evidente que um dos seus grandes objectivos era a chegada ao Oriente, e que os seus esforços incidiriam particularmente na procura de uma rota marítima que ligasse o Oceano Atlântico ao Índico. É dentro deste âmbito que podemos enquadrar as viagens de Diogo Cão ao longo da costa ocidental africana, entre 1482 e 1486. Todavia, estas não obtiveram os resultados pretendidos pelo rei, o qual, não desistindo do seu objectivo, prepara uma nova armada em 1487.
Bartolomeu Dias foi nomeado capitão-mor de uma frota constituída por duas caravelas de cerca de 50 tonéis cada uma e uma naveta de apoio, que transportava os mantimentos: a S. Cristóvão, capitaneada por si próprio; a S. Pantaleão foi conduzida por João Infante ; e a naveta era comandada por Diogo Dias, irmão de Bartolomeu.
Uma das principais fontes sobre a mesma é a carta de Henricus Martellus Germanus, datada de 1489, onde se encontram delineados os acidentes geográficos encontrados por Bartolomeu Dias durante o seu périplo. A armada saiu de Lisboa em Agosto de 1487, e teria seguido a rota corrente, abastecendo-se provavelmente em S. Jorge da Mina. Em Dezembro, a expedição já teria chegado ao limite das viagens de Diogo Cão, a Serra Parda. No Natal de 1487, Bartolomeu Dias chegou à Angra Pequena. Já em 1488 a armada atinge a Angra das Voltas, onde os ventos de sueste o forçaram a abandonar a navegação costeira, entrando no mar alto. Navegam então para Sudoeste e só ao fim de alguns dias voltam novamente a singrar para Leste. No entanto, como não vislumbram costa, Bartolomeu Dias decidiu rumar a Norte e, tendo encontrado terra, os homens ficaram convencidos de terem chegado à extremidade meridional do continente africano, tendo portanto entrado no Índico. Os navegadores decidiram empreender a viagem de regresso e só nesse altura encontraram e exploraram o Cabo das Agulhas e em seguida o Cabo da Boa Esperança.
As duas caravelas aportaram em Lisboa em Dezembro de 1488, após dezasseis meses e dezassete dias de viagem; porém, e ao contrário do que seria esperado, se existiu uma recompensa régia esta não se traduziu em mercês imediatas: só mais tarde, após a morte do navegador, D. Manuel I atribuiu uma tença de 12$000 reis anuais aos seus filhos.
Sabemos que depois de ter regressado a Lisboa foi recebedor do Armazém da Guiné entre 1494 e 1500. Por volta de 1499 poderá ter participado em viagens de reconhecimento de correntes e regimes de ventos no Atlântico Sul e talvez tenha sido por isso que não incorporou a armada quem em 1498 chegou a Calecute. Mas em 1500 esteve presente na armada de Pedro Álvares Cabral, naquela que foi a sua última viagem. Depois da descoberta do Brasil, a caravela capitaneada por Bartolomeu Dias foi atingida por uma tempestade e naufragou quando se aproximava precisamente do Cabo da Boa Esperança.
O nome de Bartolomeu Dias ficará ligado à entrada num novo mundo, que transformou por completo a mundivisão ptolomaica dos seus contemporâneos. As suas viagens deram um contributo essencial para a construção de uma nova rota que se revelaria fundamental para chegar à Índia. Sem o saber, Bartolomeu Dias contribuiu decisivamente para uma mudança definitiva na história do Oceano Atlântico.
Bibliografia:
ALBUQUERQUE, Luís de, Navegadores, Viajantes e Aventureiros Portugueses séculos XV e XVI, Vol.I, Lisboa, Círculo de Leitores, 1987.
FONSECA, Luís Adão da, O Essencial Sobre Bartolomeu Dias, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1987.
MOTA, A. Teixeira da, Bartolomeu Dias: Descobridor do Cabo da Boa Esperança, Lisboa, Edição do N.R.P, 1955.