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Novas Textualidades
Mafalda Ivo Cruz
Às vezes é possível fingir que ainda estamos vivos, mas não estamos. Ou já não estamos. Ou já não estamos bem aqui, ou já não sabemos quem somos, quem éramos antes de tudo isto começar. –dorme, oh, dorme— não havia caminhos traçados e durante um tempo breve tivemos uma ilusão de poder. Quando foi? A nossa jornada é longa, tão longa que parece não ter fim, ou que o fim se tornou irrisório e disso sabemos. Sabemos que temos de poupar energias. Como se a nossa tarefa – De vivos? De não vivos? – fosse a de manter acesa a lareira durante aquela noite única.

in Vermelho
n. 1959 Portugal
© Instituto Camões, 2007