Sentiu que o cheiro da sua casa era outro. Não via nada porque o fumo ocupara todo o recheio. Mas não estava só. Alguém ouvira as suas confidências. Só poderia ser mesmo uma intrusa. Reparou então e viu que eram três vultos. Estavam quietos e ouviam-na com atenção. Quando terminou o monólogo e as surpreendeu escutando as palavras dela voltaram para junto da lareira e atiçavam novamente as chamas. Tinham silhuetas de mulheres. De mulheres muito antigas e que não seriam deste tempo. Mas o ar fresco e matinal que apresentavam fazia supor que foram atravessando todas as épocas sem que o tempo tivesse sido voraz e deixasse marcas, renovando-se em cada parto que realizavam e rejuvenesciam à medida que iam atiçando as chamas. Tinham uma obsessão pelo fogo.
in Olhos de coruja Olhos de gato bravo |
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