c. 1524-1580
Pouco se sabe sobre a sua vida agitada. Considerado o maior vulto das letras portuguesas. Autor da epopeia Os Lusíadas. Poeta e dramaturgo. A influência da sua obra foi marcante na produção literária portuguesa. «Camões assumiu e meditou a experiência de toda uma civilização cujas contradições viveu na sua carne e procurou superar pela criação artística»
Já a vista, pouco e pouco, se desterra
Daqueles pátrios montes, que ficavam;
Ficava o caro Tejo e a fresca serra
De Sintra, e nela os olhos se alongavam;
Ficava-nos também na amada terra
O coração, que as mágoas lá deixavam;
E, já depois que toda se escondeu,
Não vimos mais, enfim, que mar e céu.

Assi fomos abrindo aqueles mares,
Que geração algua não abriu,
As novas Ilhas vendo e os novos ares
Que o generoso Henrique descobriu;
De Mauritânia os montes e lugares,
Terra que Anteu num tempo possuiu,
Deixando à mão esquerda, que à direita
Não há certeza doutra, mas suspeita.

Os Lusíadas, Canto V, 3 e 4

© Instituto Camões, 2001