Revista Digital sobre Tradução - Número 1- Maio 2002

Artigo (1.ª parte)

Nomear o intérprete

Carlos Castilho Pais, Professor da Universidade Aberta

 

As palavras possuem, também elas, a sua história. Nem sempre o termo 'intérprete' teve o uso generalizado que hoje possui. Os leitores mais familiarizados com as chamadas fontes de estudo da Expansão e dos Descobrimentos Portugueses sabem que o termo língua é aí o mais utilizado para designar o intérprete. Do inventário a que procedemos desde o século XIII até meados do século XVI -, fixámos os seguintes vocábulos: turgimão, língua e jurabaça (jurubaça, segundo alguns dicionários). A ordenação com que se apresentam não é indiferente. Antes da utilização do termo língua, registamos o uso do termo turgimão; finalmente, e de uso mais restrito do que qualquer dos outros, o de jurabaça. Verificar-se-á, nas páginas seguintes, que a investigação incidiu principalmente sobre as fontes de estudo da Expansão e dos Descobrimentos. Todavia, o termo turgimão obrigou-nos a ter em conta documentos anteriores à época da Expansão e dos Descobrimentos, como veremos. Pretendemos, deste modo, fixar com alguma precisão um limite temporal de uso para cada um dos termos em análise.

 

© Instituto Camões, 2002