Dicionário
dos tradutores e intérpretes de Língua Portuguesa
João
Rodrigues de Sá
João Rodrigues de Sá é um dos poetas incluídos por Garcia
de Resende no Cancioneiro Geral (1516). João Rodrigues de Sá surge no
Cancioneiro enquanto poeta e enquanto tradutor.
No poema “A Dom Pedro d’Almeida, mandando-lhe mostrar a
epístola de Dido a Eneas”, João Rodrigues de Sá refere
expressamente uma das suas traduções. Trata-se de um dos primeiros
textos sobre a tradução produzido por autor português. Neste texto, a
tradução é comparada à “mulher amansada” (última estrofe); a
‘modéstia’ do tradutor também está presente, quando afirma: quam
mal ensinei Dido / a falar portugues”.
João Rodrigues de Sá terá vivido entre o final do século
XV e o início do século XVI. O seu interesse pelos clássicos deverá
permitir-nos colocar este tradutor no conjunto dos nossos primeiros
Humanistas.
Fonte: Garcia de Resende, Cancioneiro Geral, ed. de Aida
Fernanda Dias, Lisboa: INCM, 1990-1993, volume II, pp. 453-454
A
Dom Pedro d’Almeida, mandando-lhe mostrar
A
epístola de Dido a Eneas
Eu
fico, senhor, corrido,
porque
sei que vos rirês
de
quam mal ensinei Dido
a
falar portugues.
Trabalhei
mui bem meu giro,
trabalhei
porem em vãao,
porque
ela era de Tiro
e
bem sabeis dond’eu sãao.
Ouvidio
nos servia
de
turgimão por latim,
o
qu’eu menos entendia
do
qu’ela entendia a mim.
Disso
pouco que souber
vos
podereis contentar
e
por vós podeis julgar
que
nunca vos vi molher
que
podesseis amansar.
João
Rodrigues de Sá
In
Garcia de Resende, Cancioneiro Geral,
ed. de Ainda Fernanda Dias, Lisboa: INCM, 1990-1993, volume II, pp.
453-454
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