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Mestre de Romeira,
S. Jerónimo Penitente
(foto: João Ventura, in O Mestre de Romeira e o Maneirismo Escalabitano)
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Propomos ao leitor, desta vez, uma viagem até Santarém. Nos motivos da viagem à capital do gótico, como não pode deixar de ser, o conhecimento do seu património artístico está sempre incluído. Também no que à iconografia sobre S. Jerónimo diz respeito, a cidade de Santarém deve ser incluída no conjunto dos nossos roteiros.
Talvez passe despercebida, numa primeira viagem, a pintura de que iremos ocupar-nos. Para o facto concorrem o lamentável local em que se encontra exposta e o estudo sobre o pintor, que só recentemente foi alvo da atenção demorada de alguns investigadores da história da arte portuguesa.
Na visita ao património arquitectónico, a Igreja do Santíssimo Milagre não deixará de incluir-se no périplo por Santarém. Dentro da Igreja, siga as instruções que hão-de conduzi-lo ao pequeno ‘museu das relíquias’. É que o nosso S. Jerónimo foi retirado há muito da capela-mor e encontra-se agora à saída do ‘museu’, podendo ser observado no momento da descida da escadaria.
Da época maneirista, este painel comprova, também ele, que a figura do patrono dos tradutores foi uma escolha do espírito pós-tridentino. Aqui encontramos o Santo penitente, uma vez mais acompanhado dos símbolos que costumam caracterizá-lo, permitindo-nos uma leitura do painel enquanto meio didáctico de propagação doutrinária.
A autoria do painel tem sido atribuída ao Mestre de Romeira, pintor com oficina em Santarém na segunda metade de Quinhentos Ambrósio Dias (1554-1591). Para além das obras de várias igrejas de Santarém, do autor ainda se conservam obras na Igrejas-matriz de Pontével (Cartaxo) e de Romeira; todavia, Ambrósio Dias teria ainda prestado colaboração a Diogo Contreiras (1500-1566), pintor lisboeta com oficina em Santarém, segundo os historiadores Vitor Serrão e Maria Teresa Desterro. A esta autora se deve a obra O Mestre de Romeira e o Maneirismo Escalabitano, cuja leitura se aconselha, que estuda a obra de Ambrósio Dias através da análise estilístico-iconográfica, inserindo-a no contexto cultural da época e determinando convergências e divergências aos modelos em voga.
Bibliografia
Desterro, Maria Teresa, O Mestre de Romeira e o Maneirismo Escalabitano, Coimbra, Minerva, 2000.