Pedro Tamen, tradutor de Em Busca do Tempo Pedido (Marcel Proust), obra publicada pela editora Relógio d’Água (2003-2005), dizia, a propósito do seu trabalho, em entrevista publicada nas páginas do ACTUAL/EXPRESSO:
(...) Esforcei-me por transmitir a mesma dificuldade que um francês encontra ao ler hoje Proust, facilitando ao mesmo tempo a compreensão do texto, usando a pontuação, cortando algumas frases com uns pontos e vírgulas, etc., e inserindo sujeitos onde os mesmos não eram claros, repetindo, por exemplo, que ele era fulano de tal, de modo a facilitar o entendimento. Também não pretendo que não se note a tradução. Quero, gostaria mesmo que se notasse, embora, agora que já ganhei uma certa distância sobre o texto, reconheça que eu quero que ele saiba que está a ler um livro francês que diz respeito a problemas muito datados. Decidi por isso manter algumas palavras em francês genuíno como «toilette» ou «atelier»; hesitei mesmo entre chamar Madame Verdurin e Senhora Verdurin, mas os nomes dos restaurantes, das ruas, fiz questão em manter, de modo a dar o mais possível o ambiente, embora escrito num português especial, naquele que o tradutor imaginou que Proust escreveria se o fizesse na nossa língua. (...)
“Traduzindo o tempo perdido, PEDRO TAMEN em busca de Marcel Proust em português”, Jornal EXPRESSO nº 1698, Actual de 14 de Maio de 2005, p. 73.