Sagres


Sagres


Longe do bulício algarvio, num contacto saudável e harmonioso com a natureza, vamos até Sagres. Sol, mar, boa comida e o património histórico esperam por nós. Começamos o nosso percurso em Vila do Bispo, a vila que embalou os sonhos do Infante de Sagres.


Deus quer, o homem sonha, a obra nasce
Deus quis que a terra fosse toda uma
Que o mar unisse já não separasse
Sagrou-te e foste desvendando a espuma


(Fernando Pessoa)


Vila do Bispo fica a 26 km de Lagos e apenas a 9 km de Sagres, em linha reta, pela Estrada Nacional 268. Podemos começar aqui o nosso percurso e fazer uma viagem tranquila com pequenas paragens.
Apesar do nome imponente, é uma povoação pacata. Esta coleção de fotografias motiva-nos para o início da nossa excursão virtual.

Nesta vila respira-se uma atmosfera rural: ruas sem geometria certa, casas caiadas de branco com barras coloridas a emoldurar janelas e portas, degraus de granito já polido pela idade e pelo uso. As chaminés rendilhadas parecem recortar o céu. A natureza agreste e a beleza da paisagem convidam-nos a saber mais sobre Vila do Bispo.

Afetada pelo terramoto de 1755, esta localidade assistiu à destruição de parte dos seus monumentos. Para começar, vamos entrar na Igreja Matriz e no centro histórico. Depois, nos arredores da vila, existem alguns menires que merecem uma visita.

A partir de pontos estratégicos, junto à costa, podemos ver, também, ninhos de cegonhas e bandos de pássaros migratórios. Se a proximidade do oceano nos abrir o apetite, a gastronomia algarvia é bastante rica. Peixe e marisco não faltam por aqui. Ah! Não podemos esquecer os perceves, apanhados em cada maré!

Rumamos agora em direção a Sagres, última povoação do Barlavento Algarvio.
Pequena vila com origem anterior à conquista romana, a arquitetura da povoação é semelhante à arquitetura algarvia em geral: casas brancas de portas e janelas emolduradas a azul, rosa e ocre.

Sagres terá sempre ligação à história dos Descobrimentos marítimos portugueses e, consequentemente, ao Infante D. Henrique, o Navegador. A situação geográfica e a paisagem austera terão, provavelmente, parecido ao Infante o sítio ideal para os seus planos.

Em Sagres, o Infante terá criado uma escola de navegação, especializada em cartografia, astronomia e desenho de barcos, impulsionando Portugal para a era dos Descobrimentos. Daqui saíram as suas caravelas à procura de novos mundos.
Nos nossos dias, o Navio-escola «Sagres» presta homenagem ao trabalho do grande navegador.

Estamos no promontório da ponta de Sagres. A fortaleza remonta ao século XV, apesar de ter já sido objeto de várias alterações. No seu interior, provavelmente do mesmo século, encontramos uma gigantesca rosa dos ventos, desenhada com pedras no chão com mais de 40 metros de diâmetro.

Eis-nos no extremo oeste do Algarve, com o vento a bater-nos no rosto. Encantam-nos os amplos horizontes e as múltiplas perspetivas sobre a costa.
E se visitássemos a Pousada do Infante? Situada na ponta da Atalaia, frente ao Atlântico, podemos descansar o olhar nessa imensidão de água!

Nenhuma visita a Sagres ficará completa sem vermos o Cabo de São Vicente - o extremo sudoeste da Europa, situado a 6 km de Sagres. Segundo a tradição, o corpo de São Vicente foi trasladado, após a invasão árabe, para o cabo que recebeu o seu nome. Para os romanos, toda a área fazia parte do Promontorium Sacrum (de onde derivou o nome de Sagres).

No extremo do cabo, o farol é uma versão atualizada daquele que, em 1515, foi mandado erguer para a segurança das povoações pelo bispo do Algarve.
A paisagem é impressionante, com grandes penhascos que enfrentam o Atlântico onde as ondas cavaram profundas cavernas.

Após um dia de sol quente de verão, num dos restaurantes junto à praia, ou num dia de inverno, longe do vento e no aconchego de uma lareira acesa, uma boa refeição é o fim ideal de qualquer passeio. Os búzios, os perceves ou os mexilhões abertos na chapa são divinais. A dourada e o sargo grelhados no carvão, o arroz de safio, a caldeirada de peixe ou papas de xarém ficarão na lembrança, juntamente com as imagens que os nossos olhos guardam.

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