Santarém
Santarém
«Santarém é um livro de pedra em que a mais interessante e mais poética parte das nossas crónicas está escrita.»
(Almeida Garrett)
Santarém, cerca de 80 km a Norte de Lisboa, conta com três mil anos de história. Por aqui passaram fenícios, romanos e mouros, antes de D. Afonso Henriques conquistar a cidade para o reino de Portugal. Depois, ao longo dos séculos, foram muitos os acontecimentos a que Santarém esteve ligada.
Tendo crescido rodeada de muralhas, é natural que as ruas estreitas e sinuosas nos apareçam como uma característica da cidade. «Livro de pedra», como lhe chamou Almeida Garrett, é a História que desfila nas suas páginas, com pórticos, rosáceas, torres e cúpulas, escondendo o seu passado misterioso.
A Praça Sá da Bandeira, onde começamos o percurso, é dominada pela imponente fachada do antigo Real Colégio de Nossa Senhora da Conceição. Foi edificado nos séculos XVI-XVII sobre as ruínas do Paço Real. A igreja (transformada em Sé Episcopal em 1975), ponto de passagem do roteiro maneirista, é de notável riqueza.
No Largo de Marvila fica a Igreja de Santa Maria de Marvila, fundada no século XII. Várias alterações foram feitas posteriormente. Apresenta um belo portal de estilo manuelino. No interior, os azulejos do século XVII fazem deste o maior núcleo seiscentista existente em Portugal, constituído por cerca de 65 000 placas cerâmicas.
A Igreja de Santo Agostinho da Graça, no Largo Pedro Álvares Cabral, é considerada – e com razão! - uma joia da arquitetura religiosa gótica, inserindo-se dentro do gótico mendicante. São de destacar a fachada e a rosácea. No interior, encontra-se sepultado o Descobridor do Brasil.
Construção bastante curiosa é a chamada Torre das Cabaças, frente ao Museu de S. João do Alporão, localizado na igreja homónima. Aquele monumento resultou, provavelmente, do aproveitamento da torre das muralhas medievais, depois transformada em torre-relógio. Mais adiante, eis o Teatro Rosa Damasceno.
Chegamos às Portas do Sol, autêntico ex-libris de Santarém. Neste local, várias escavações arqueológicas deram a conhecer vestígios da presença romana e muçulmana. O jardim, rodeado pelas antigas muralhas, é um belo miradouro sobre o Tejo e a lezíria ribatejana.
A vista abre-nos o apetite, enquanto a proximidade do rio nos inclina para a descoberta dos pratos de peixe da região. A escolha é embaraçosa: açorda de sável, sopa de peixe ou fataça na telha? Ainda bem que, quanto aos vinhos, a escolha não é tão complicada: Ribatejo, é claro!
A poucos quilómetros da cidade, a Ribeira de Santarém apresenta-se depois como sítio ideal para terminarmos o passeio. Velho burgo ligado ao tráfego fluvial, é um povoado bastante pitoresco; a lenda de Santa Iria, perpetuada na memória local através de séculos, é outro motivo pelo qual se recomenda vivamente a visita.