Períodos e Tendências

Realismo

Realismo
Realismo Entrada do Passeio Público no séc. XIX Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Antero de Quental e Teófilo Braga foram alguns dos mais importantes vultos que constituíram a chamada «Geração de 70», que, a partir da «Questão Coimbrã» (polémica entre Castilho e Pinheiro Chagas), deu origem às «Conferências do Casino», na qual se enunciaram os mais importantes preceitos de uma nova cultura, que em grande parte se liga ao realismo de proveniência francesa e europeia. Os romances de Eça e a poesia de Antero ligam-se (no primeiro integralmente; no segundo, apenas em parte) a essa nova estética, que é também representada pelos romances de Júlio Dinis e pela poesia de Cesário Verde (embora esta, como a de Gomes Leal e a de Guerra Junqueiro, apresente já nexos com a poesia simbolista). O realismo procura retomar a objetividade na literatura (contra o subjetivismo emocional romântico), a sua ligação crítica mas construtiva à sociedade, e o rigor da escrita poética, assente num rigor reflexivo e numa planificação composicional. © Instituto Camões, 2001 | Última atualização: Maio 2011

Barroco e Maneirismo

Barroco e Maneirismo
Barroco e Maneirismo O Padre António Vieira pregando aos Índios (AHU) D. Francisco Manuel de Melo, Auto do Fidalgo Aprendiz, Officina de Domingos Carneiro, 1676 Tendências estéticas dos séculos XVI, XVII e XVIII, que acompanham, a partir das artes plásticas, o movimento classicista, em diálogo, confronto ou até em mútua inserção, e cujos representantes mais significativos são Camões na poesia lírica, o Pe. António Vieira (Sermões e Cartas) e D. Francisco Manuel de Melo (na poesia lírica e no teatro, Auto do Fidalgo Aprendiz). Enquanto o maneirismo se manifesta numa ligação aos modelos literários clássicos que apura e refina as suas características, sublinhando os pormenores da composição e o seu caráter estático, seguindo um pendor melancólico, o barroco define-se pela exibição espetacular de conflitos e oposições semânticas e sintáticas, em torno da reflexão sobre o tempo e a mudança. Duas coletâneas integram um repositório assinalável de textos barrocos: Fénix Renascida e Postilhão de Apolo. © Instituto Camões, 2001 | Última atualização: Maio 2011

Simbolismo

Simbolismo
Simbolismo Venceslau de Moraes Embora Eugénio de Castro seja o introdutor do Simbolismo, com Oaristos (1890), o poeta mais importante desta corrente, ligada ao clima de inquietação e incompletude da atmosfera finissecular, que produz correntes de pensamento de componente idealista (e em Portugal se agrava com os ecos do «Ultimato Inglês»), é Camilo Pessanha. Também Fialho de Almeida, na prosa, representa esta tendência (embora o seu estilo impressionista se filie igualmente na escola naturalista), assim como Venceslau de Morais (assumindo a temática da evasão, que concretiza nas suas viagens ao Oriente e radicando-se no Japão) e, mais ligados ao séc. XX, António Patrício, Carlos Malheiro Dias, Teixeira Gomes e Raul Brandão. Na poesia, António Nobre e Florbela Espanca articulam-se ainda com a mentalidade elegíaca e de aspirações indecisas característica do simbolismo, que na prosa produz sensíveis inovações na narrativa, insistindo na materialidade da escrita e abalando os mecanismos tradicionais da representação através do discurso. Florbela Espanca Perdi os meus fantásticos castelosComo névoa distante que se esfuma...Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:Quebrei as minhas lanças uma a uma!Perdi minhas galeras entre os gelosQue se afundaram sobre um mar de bruma...- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? -Deitei-me ao mar não salvei nenhuma!Perdi a minha taça, o meu anel,A minha cota de aço, o meu corcel,Perdi meu elmo de oiro e pedrarias...Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...Sobre o meu coração pesam montanhas...Olho assombrada as minhas mãos vazias...Florbela Espanca © Instituto Camões, 2001

Surrealismo

Surrealismo
Surrealismo "Melancolia" (1942), óleo de António Dacosta [1914-1990] Muito tardio, na literatura portuguesa, é representado por grandes poetas (António Pedro, Manuel de Lima, Mário-Henrique Leiria, Mário Cesariny) e tem grande impacto na configuração do discurso poético da modernidade, de Herberto Helder ao grupo de escritores da publicação Poesia-61 (Gastão Cruz, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge, Maria Teresa Horta), não esquecendo Ruy Belo, Casimiro de Brito e João Rui de Sousa. Favorece as associações vocabulares livres, as relações semânticas insólitas, e estabelece o primado da imaginação. A mosca Albertina, que ele domesticava.Vem agora ao papel, como um insecto-insulto,Mas fingindo que o poeta a esperava...Quase mulher e muito mosca,Albertina quer o poeta para si,Quer sem versos o poeta.Por isso fica, mosca-mulher, por ali... Alexandre O'Neill A CABEÇA DE ARCAIFAZ(SISMO)Localização fonética:a) A cabeça: onde cabe a eça. Popª.:cabe a eça agora.b) de Arcaifaz (sismo): o ar (que)cai, faz (produz) sismo. Faz sismo:o ar cai. Caindo o ar, fica o caifascismo,o que dá cai, dá sismo, e retira o ar quecaiu. Por isso se diz que não há ar ondehá alguém que faz sismo., podendo noentanto sufixismar-se o prefixo, o quedará o CAIFAZCISMAÇÃO, sublimação da cisma de Caifaz. Mário Cesariny de Vasconcelos, Poesia, 1961 © Instituto Camões, 2001

Saudosismo

Saudosismo
Saudosismo "O Desterrado" 1872, Soares dos Reis [1847-1889] É uma tendência da literatura portuguesa que radica na obra de Teixeira de Pascoaes e no grupo da Renascença Portuguesa, e à qual poderemos ainda considerar ligados Afonso Duarte (muito embora este autor se articule com o psicologismo da geração da revista Presença e seja reclamado como companheiro estético de alguns neorrealistas) e Tomás da Fonseca (que, no entanto, como Ferreira de Castro e Aquilino Ribeiro, são admitidos como antepassados dos neorrealistas) ou Irene Lisboa (suscetível de ser enquadrada na Presença) que se mantêm relativamente à margem das correntes estéticas suas contemporâneas. Retrato de Teixeira de Pascoaes por Raul Brandão O saudosismo apresenta alguns pontos de contacto com o movimento do «Integralismo Lusitano» (ligado ao poeta António Sardinha), mas o seu passadismo aponta muito mais para uma atitude lírica do que para a ação política. © Instituto Camões, 2001