titletitleAprender a ler <subtitle type="text"></subtitle> <link rel="alternate" type="text/html" href="http://cvc.instituto-camoes.pt"/> <id>http://cvc.instituto-camoes.pt/</id> <updated>2025-06-11T16:41:36+00:00</updated> <author> <name>Centro Virtual Camões</name> <email>naoresponder.plataforma.cvc@fbapps.pt</email> </author> <generator uri="http://joomla.org" version="1.6">Joomla! - Open Source Content Management</generator> <link rel="self" type="application/atom+xml" href="http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade-dp4.html?format=feed&type=atom"/> <entry> <title>Sabia que? <link rel="alternate" type="text/html" href="http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/sabia-que-63866-dp6.html"/> <published>2011-03-31T07:27:09+00:00</published> <updated>2011-03-31T07:27:09+00:00</updated> <id>http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/sabia-que-63866-dp6.html</id> <author> <name>Luís Morgado</name> <email>luis.morgado@instituto-camoes.pt</email> </author> <summary type="html"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">SABIA QUE...<br /><br />Existem  jornais portugueses que estão disponíveis na Internet e que colaboram com o Instituto Camões .  Apresentamos alguns endereços  de jornais que podem ser facilmente consultados e lidos diariamente ou semanalmente:<br /><br />EXPRESSO - <a href="http://aeiou.expresso.pt/">http://www.expresso.pt/</a> (Jornal publicado aos Sábados).<br /><br />PÚBLICO – <a href="http://www.publico.pt/">http://www.publico.pt</a> (Jornal diário).<br /><br />DIÁRIO NOTÍCIAS: <a href="http://www.dn.pt/">http://www.dn.pt</a> (Jornal diário).<br /><br />JORNAL NOTÍCIAS: <a href="http://www.jn.pt/">http://jn.pt/</a> (Jornal diário)<br /><br />Para obter mais informações sobre outros jornais que colaboram com o Instituto Camões consulte o seguinte endereço:<br />http://www.instituto-camoes.pt/noticiario/jornais.htm [procurar este link - ainda existe?]<br /><br />Pode ainda visitar o endereço seguinte, onde pode obter informações relacionadas com o jornalismo em Portugal:<br /><a href="Ciberjornalismo.com">http://ciberjornalismo.com/</a> (sítio sobre novos média, ciberjornalismo, jornalismo digital, jornalismo em linha, etc.)<br /></span></summary> <content type="html"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">SABIA QUE...<br /><br />Existem  jornais portugueses que estão disponíveis na Internet e que colaboram com o Instituto Camões .  Apresentamos alguns endereços  de jornais que podem ser facilmente consultados e lidos diariamente ou semanalmente:<br /><br />EXPRESSO - <a href="http://aeiou.expresso.pt/">http://www.expresso.pt/</a> (Jornal publicado aos Sábados).<br /><br />PÚBLICO – <a href="http://www.publico.pt/">http://www.publico.pt</a> (Jornal diário).<br /><br />DIÁRIO NOTÍCIAS: <a href="http://www.dn.pt/">http://www.dn.pt</a> (Jornal diário).<br /><br />JORNAL NOTÍCIAS: <a href="http://www.jn.pt/">http://jn.pt/</a> (Jornal diário)<br /><br />Para obter mais informações sobre outros jornais que colaboram com o Instituto Camões consulte o seguinte endereço:<br />http://www.instituto-camoes.pt/noticiario/jornais.htm [procurar este link - ainda existe?]<br /><br />Pode ainda visitar o endereço seguinte, onde pode obter informações relacionadas com o jornalismo em Portugal:<br /><a href="Ciberjornalismo.com">http://ciberjornalismo.com/</a> (sítio sobre novos média, ciberjornalismo, jornalismo digital, jornalismo em linha, etc.)<br /></span></content> <category term="Perplexidade" /> </entry> <entry> <title>Quem escreveu 2011-03-31T07:22:33+00:00 2011-03-31T07:22:33+00:00 http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/quem-escreveu-21221-dp12.html Luís Morgado luis.morgado@instituto-camoes.pt <span style="font-family: arial; font-size: x-small;">MARIA JUDITE CARVALHO (1921-1998)<br /><br />Nasceu em Lisboa. Frequentou o curso de Filologia Germânica. Em 1949, ano em que se casou com o professor universitário e escritor Urbano Tavares Rodrigues, foi viver para França, em Montpellier e a seguir em Paris. Foi após o regresso de França,. em1959, publicou <em>Tanta Gente Mariana</em>, uma obra considerada pela imprensa da época como uma revelação. Dois anos depois, <em>As Palavras Poupadas </em>mereceu o Prémio Camilo Castelo Branco. Contudo, MJC publicara  em 1949 o seu primeiro conto na revista Eva e em 1953 enviara as «Crónicas de Paris» para a mesma revista. A partir de 1968 foi redatora dos jornais <em>Diário de Lisboa </em>(1968-75), da revista <em>Eva </em>(até 1975) e de <em>O Jornal </em>(1976 a 1983). Colaborou, regularmente, com o «Suplemento Mulheres» do <em>Diário de Lisboa</em>, onde adotou o pseudónimo Emília Bravo, e escreveu esporadicamente para os jornais <em>República </em>e <em>O Século</em>. Ainda se registam textos escritos para as revistas <em>O Escritório </em>(1971 a 1974), <em>Mulheres </em>(1978), <em>Silex nº3 </em>(1980), <em>Come e Cala </em>(1981 a 1982).<br /><br />As histórias escritas nos jornais e nas revistas constituem, hoje, documentos fundamentais para o estudo do conjunto da obra, que integra volumes de crónicas, contos, novelas, romance, poesia e teatro.<br /><br />Obras da autora (Últimas edições)<br /><br /><em>Tanta Gente, Mariana </em>(contos), Lisboa: Europa América, 1988.<br /><em>As Palavras Poupadas </em>(contos), Lisboa: Europa América,1988. (Prémio Camilo Castelo Branco).<br /><em>Paisagem sem Barcos</em> (contos), Lisboa: Europa América, 1990.<br /><em>Os Armários Vazios </em>(romance), Lisboa: Livraria Bertrand, 1978.<br /><em>O Seu Amor por Etel </em>(novela), Lisboa: Movimento, 1967.<br /><em>Flores ao Telefone </em>(contos), Lisboa: Portugália Editora, 1968.<br /><em>Os Idólatras</em> (contos), Lisboa: Prelo Editora, 1969.<br /><em>Tempo de Mercês </em>(contos), Lisboa: Seara Nova, 1973.<br /><em>A Janela Fingida </em>(crónicas), Lisboa: Seara Nova, 1975.<br /><em>O Homem no Arame </em>(crónicas), Amadora: Editorial Bertrand, 1979.<br /><em>Além do Quadro</em> (contos), Lisboa: O Jornal, 1983.<br /><em>Este Tempo</em> (crónicas) Lisboa: Editorial Caminho, 1991.(Prémio da Crónica da Associação Portuguesa de Escritores).<br /><em>Seta Despedida </em>(contos), Lisboa: Europa América, 1995.(Prémio Máxima, Prémio da Associação Internacional dos Críticos Literário, Grande Prémio do Conto da Associação Portuguesa de escritores, Prémio Vergílio Ferreira das Universidades Portuguesas).<br /><em>A Flor Que Havia na Água Parada </em>(poemas), Lisboa: Europa América,1998 (póstumo).<br /><em>Havemos de Rir!</em> (teatro), Lisboa: Europa América,1998 (póstumo).</span> <span style="font-family: arial; font-size: x-small;">MARIA JUDITE CARVALHO (1921-1998)<br /><br />Nasceu em Lisboa. Frequentou o curso de Filologia Germânica. Em 1949, ano em que se casou com o professor universitário e escritor Urbano Tavares Rodrigues, foi viver para França, em Montpellier e a seguir em Paris. Foi após o regresso de França,. em1959, publicou <em>Tanta Gente Mariana</em>, uma obra considerada pela imprensa da época como uma revelação. Dois anos depois, <em>As Palavras Poupadas </em>mereceu o Prémio Camilo Castelo Branco. Contudo, MJC publicara  em 1949 o seu primeiro conto na revista Eva e em 1953 enviara as «Crónicas de Paris» para a mesma revista. A partir de 1968 foi redatora dos jornais <em>Diário de Lisboa </em>(1968-75), da revista <em>Eva </em>(até 1975) e de <em>O Jornal </em>(1976 a 1983). Colaborou, regularmente, com o «Suplemento Mulheres» do <em>Diário de Lisboa</em>, onde adotou o pseudónimo Emília Bravo, e escreveu esporadicamente para os jornais <em>República </em>e <em>O Século</em>. Ainda se registam textos escritos para as revistas <em>O Escritório </em>(1971 a 1974), <em>Mulheres </em>(1978), <em>Silex nº3 </em>(1980), <em>Come e Cala </em>(1981 a 1982).<br /><br />As histórias escritas nos jornais e nas revistas constituem, hoje, documentos fundamentais para o estudo do conjunto da obra, que integra volumes de crónicas, contos, novelas, romance, poesia e teatro.<br /><br />Obras da autora (Últimas edições)<br /><br /><em>Tanta Gente, Mariana </em>(contos), Lisboa: Europa América, 1988.<br /><em>As Palavras Poupadas </em>(contos), Lisboa: Europa América,1988. (Prémio Camilo Castelo Branco).<br /><em>Paisagem sem Barcos</em> (contos), Lisboa: Europa América, 1990.<br /><em>Os Armários Vazios </em>(romance), Lisboa: Livraria Bertrand, 1978.<br /><em>O Seu Amor por Etel </em>(novela), Lisboa: Movimento, 1967.<br /><em>Flores ao Telefone </em>(contos), Lisboa: Portugália Editora, 1968.<br /><em>Os Idólatras</em> (contos), Lisboa: Prelo Editora, 1969.<br /><em>Tempo de Mercês </em>(contos), Lisboa: Seara Nova, 1973.<br /><em>A Janela Fingida </em>(crónicas), Lisboa: Seara Nova, 1975.<br /><em>O Homem no Arame </em>(crónicas), Amadora: Editorial Bertrand, 1979.<br /><em>Além do Quadro</em> (contos), Lisboa: O Jornal, 1983.<br /><em>Este Tempo</em> (crónicas) Lisboa: Editorial Caminho, 1991.(Prémio da Crónica da Associação Portuguesa de Escritores).<br /><em>Seta Despedida </em>(contos), Lisboa: Europa América, 1995.(Prémio Máxima, Prémio da Associação Internacional dos Críticos Literário, Grande Prémio do Conto da Associação Portuguesa de escritores, Prémio Vergílio Ferreira das Universidades Portuguesas).<br /><em>A Flor Que Havia na Água Parada </em>(poemas), Lisboa: Europa América,1998 (póstumo).<br /><em>Havemos de Rir!</em> (teatro), Lisboa: Europa América,1998 (póstumo).</span> Ler o texto 2011-03-31T07:20:07+00:00 2011-03-31T07:20:07+00:00 http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/ler-o-texto-89734-dp7.html Luís Morgado luis.morgado@instituto-camoes.pt <div style="text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Perplexidade</span><br /></div> <span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><br />A criança estava perplexa. Tinha os olhos maiores e mais brilhantes do que nos outros dias, e um risquinho novo, vertical, entre as sobrancelhas breves. «Não percebo», disse.<br />Em frente da televisão, os pais. Olhar para o pequeno écran era a maneira de olharem um para o outro. Mas nessa noite, nem isso. Ela fazia tricô, ele tinha o jornal aberto. Mas tricô e jornal eram alibis. Nessa noite recusavam mesmo o écran onde os seus olhares se confundiam. A menina, porém, ainda não tinha idade para fingimentos tão adultos e subtis, e, sentada no chão, olhava de frente, com toda a sua alma. E então o olhar grande a rugazinha e aquilo de não perceber. «Não percebo», repetiu.<br />«O que é que não percebes?» disse a mãe por dizer, no fim da carreira, aproveitando a deixa para rasgar o silêncio ruidoso em que alguém espancava alguém com requintes de malvadez.<br />«Isto, por exemplo.»<br />«Isto o quê»<br />«Sei lá. A vida», disse a criança com seriedade.<br />O pai dobrou o jornal, quis saber qual era o problema que preocupava tanto a filha de oito anos, tão subitamente.<br />Como de costume preparava-se para lhe explicar todos os problemas, os de aritmética e os outros.<br />«Tudo o que nos dizem para não fazermos é mentira.»<br />«Não percebo.»<br />«Ora, tanta coisa. Tudo. Tenho pensado muito e...Dizem-nos para não matar, para não bater. Até não beber álcool, porque faz mal. E depois a televisão...Nos filmes, nos anúncios...Como é a vida, afinal?»<br />A mão largou o tricô e engoliu em seco. O pai respirou fundo como quem se prepara para uma corrida difícil.<br />«Ora vejamos,» disse ele olhando para o tecto em busca de inspiração. «A vida...»<br />Mas não era tão fácil como isso falar do desrespeito, do desamor, do absurdo que ele aceitara como normal e que a filha, aos oito anos, recusava.<br />«A vida...», repetiu.<br />As agulhas do tricô tinham recomeçado a esvoaçar como pássaros de asas cortadas.<br /><br /></span> <div style="text-align: right;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Maria Judite de Carvalho in «O Jornal», 2-10-81</span></div> <div style="text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Perplexidade</span><br /></div> <span style="font-family: arial; font-size: x-small;"><br />A criança estava perplexa. Tinha os olhos maiores e mais brilhantes do que nos outros dias, e um risquinho novo, vertical, entre as sobrancelhas breves. «Não percebo», disse.<br />Em frente da televisão, os pais. Olhar para o pequeno écran era a maneira de olharem um para o outro. Mas nessa noite, nem isso. Ela fazia tricô, ele tinha o jornal aberto. Mas tricô e jornal eram alibis. Nessa noite recusavam mesmo o écran onde os seus olhares se confundiam. A menina, porém, ainda não tinha idade para fingimentos tão adultos e subtis, e, sentada no chão, olhava de frente, com toda a sua alma. E então o olhar grande a rugazinha e aquilo de não perceber. «Não percebo», repetiu.<br />«O que é que não percebes?» disse a mãe por dizer, no fim da carreira, aproveitando a deixa para rasgar o silêncio ruidoso em que alguém espancava alguém com requintes de malvadez.<br />«Isto, por exemplo.»<br />«Isto o quê»<br />«Sei lá. A vida», disse a criança com seriedade.<br />O pai dobrou o jornal, quis saber qual era o problema que preocupava tanto a filha de oito anos, tão subitamente.<br />Como de costume preparava-se para lhe explicar todos os problemas, os de aritmética e os outros.<br />«Tudo o que nos dizem para não fazermos é mentira.»<br />«Não percebo.»<br />«Ora, tanta coisa. Tudo. Tenho pensado muito e...Dizem-nos para não matar, para não bater. Até não beber álcool, porque faz mal. E depois a televisão...Nos filmes, nos anúncios...Como é a vida, afinal?»<br />A mão largou o tricô e engoliu em seco. O pai respirou fundo como quem se prepara para uma corrida difícil.<br />«Ora vejamos,» disse ele olhando para o tecto em busca de inspiração. «A vida...»<br />Mas não era tão fácil como isso falar do desrespeito, do desamor, do absurdo que ele aceitara como normal e que a filha, aos oito anos, recusava.<br />«A vida...», repetiu.<br />As agulhas do tricô tinham recomeçado a esvoaçar como pássaros de asas cortadas.<br /><br /></span> <div style="text-align: right;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Maria Judite de Carvalho in «O Jornal», 2-10-81</span></div>