Aprender a brincar http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade-dp5.html Sat, 23 Nov 2024 18:22:47 +0000 Joomla! - Open Source Content Management pt-pt naoresponder.plataforma.cvc@fbapps.pt (Centro Virtual Camões) Sabia que? http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/sabia-que-63866-dp7.html http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/sabia-que-63866-dp7.html SABIA QUE...

Existem  jornais portugueses que estão disponíveis na Internet e que colaboram com o Instituto Camões .  Apresentamos alguns endereços  de jornais que podem ser facilmente consultados e lidos diariamente ou semanalmente:

EXPRESSO - http://www.expresso.pt/ (Jornal publicado aos Sábados).

PÚBLICO – http://www.publico.pt (Jornal diário).

DIÁRIO NOTÍCIAS: http://www.dn.pt (Jornal diário).

JORNAL NOTÍCIAS: http://jn.pt/ (Jornal diário)

Para obter mais informações sobre outros jornais que colaboram com o Instituto Camões consulte o seguinte endereço:
http://www.instituto-camoes.pt/noticiario/jornais.htm [procurar este link - ainda existe?]

Pode ainda visitar o endereço seguinte, onde pode obter informações relacionadas com o jornalismo em Portugal:
http://ciberjornalismo.com/ (sítio sobre novos média, ciberjornalismo, jornalismo digital, jornalismo em linha, etc.)
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luis.morgado@instituto-camoes.pt (Luís Morgado) Perplexidade Thu, 31 Mar 2011 07:27:09 +0000
Quem escreveu http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/quem-escreveu-21221-dp13.html http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/quem-escreveu-21221-dp13.html MARIA JUDITE CARVALHO (1921-1998)

Nasceu em Lisboa. Frequentou o curso de Filologia Germânica. Em 1949, ano em que se casou com o professor universitário e escritor Urbano Tavares Rodrigues, foi viver para França, em Montpellier e a seguir em Paris. Foi após o regresso de França,. em1959, publicou Tanta Gente Mariana, uma obra considerada pela imprensa da época como uma revelação. Dois anos depois, As Palavras Poupadas mereceu o Prémio Camilo Castelo Branco. Contudo, MJC publicara  em 1949 o seu primeiro conto na revista Eva e em 1953 enviara as «Crónicas de Paris» para a mesma revista. A partir de 1968 foi redatora dos jornais Diário de Lisboa (1968-75), da revista Eva (até 1975) e de O Jornal (1976 a 1983). Colaborou, regularmente, com o «Suplemento Mulheres» do Diário de Lisboa, onde adotou o pseudónimo Emília Bravo, e escreveu esporadicamente para os jornais República e O Século. Ainda se registam textos escritos para as revistas O Escritório (1971 a 1974), Mulheres (1978), Silex nº3 (1980), Come e Cala (1981 a 1982).

As histórias escritas nos jornais e nas revistas constituem, hoje, documentos fundamentais para o estudo do conjunto da obra, que integra volumes de crónicas, contos, novelas, romance, poesia e teatro.

Obras da autora (Últimas edições)

Tanta Gente, Mariana (contos), Lisboa: Europa América, 1988.
As Palavras Poupadas (contos), Lisboa: Europa América,1988. (Prémio Camilo Castelo Branco).
Paisagem sem Barcos (contos), Lisboa: Europa América, 1990.
Os Armários Vazios (romance), Lisboa: Livraria Bertrand, 1978.
O Seu Amor por Etel (novela), Lisboa: Movimento, 1967.
Flores ao Telefone (contos), Lisboa: Portugália Editora, 1968.
Os Idólatras (contos), Lisboa: Prelo Editora, 1969.
Tempo de Mercês (contos), Lisboa: Seara Nova, 1973.
A Janela Fingida (crónicas), Lisboa: Seara Nova, 1975.
O Homem no Arame (crónicas), Amadora: Editorial Bertrand, 1979.
Além do Quadro (contos), Lisboa: O Jornal, 1983.
Este Tempo (crónicas) Lisboa: Editorial Caminho, 1991.(Prémio da Crónica da Associação Portuguesa de Escritores).
Seta Despedida (contos), Lisboa: Europa América, 1995.(Prémio Máxima, Prémio da Associação Internacional dos Críticos Literário, Grande Prémio do Conto da Associação Portuguesa de escritores, Prémio Vergílio Ferreira das Universidades Portuguesas).
A Flor Que Havia na Água Parada (poemas), Lisboa: Europa América,1998 (póstumo).
Havemos de Rir! (teatro), Lisboa: Europa América,1998 (póstumo).]]>
luis.morgado@instituto-camoes.pt (Luís Morgado) Perplexidade Thu, 31 Mar 2011 07:22:33 +0000
Ler o texto http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/ler-o-texto-89734-dp8.html http://cvc.instituto-camoes.pt/perplexidade/ler-o-texto-89734-dp8.html Perplexidade

A criança estava perplexa. Tinha os olhos maiores e mais brilhantes do que nos outros dias, e um risquinho novo, vertical, entre as sobrancelhas breves. «Não percebo», disse.
Em frente da televisão, os pais. Olhar para o pequeno écran era a maneira de olharem um para o outro. Mas nessa noite, nem isso. Ela fazia tricô, ele tinha o jornal aberto. Mas tricô e jornal eram alibis. Nessa noite recusavam mesmo o écran onde os seus olhares se confundiam. A menina, porém, ainda não tinha idade para fingimentos tão adultos e subtis, e, sentada no chão, olhava de frente, com toda a sua alma. E então o olhar grande a rugazinha e aquilo de não perceber. «Não percebo», repetiu.
«O que é que não percebes?» disse a mãe por dizer, no fim da carreira, aproveitando a deixa para rasgar o silêncio ruidoso em que alguém espancava alguém com requintes de malvadez.
«Isto, por exemplo.»
«Isto o quê»
«Sei lá. A vida», disse a criança com seriedade.
O pai dobrou o jornal, quis saber qual era o problema que preocupava tanto a filha de oito anos, tão subitamente.
Como de costume preparava-se para lhe explicar todos os problemas, os de aritmética e os outros.
«Tudo o que nos dizem para não fazermos é mentira.»
«Não percebo.»
«Ora, tanta coisa. Tudo. Tenho pensado muito e...Dizem-nos para não matar, para não bater. Até não beber álcool, porque faz mal. E depois a televisão...Nos filmes, nos anúncios...Como é a vida, afinal?»
A mão largou o tricô e engoliu em seco. O pai respirou fundo como quem se prepara para uma corrida difícil.
«Ora vejamos,» disse ele olhando para o tecto em busca de inspiração. «A vida...»
Mas não era tão fácil como isso falar do desrespeito, do desamor, do absurdo que ele aceitara como normal e que a filha, aos oito anos, recusava.
«A vida...», repetiu.
As agulhas do tricô tinham recomeçado a esvoaçar como pássaros de asas cortadas.

Maria Judite de Carvalho in «O Jornal», 2-10-81
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luis.morgado@instituto-camoes.pt (Luís Morgado) Perplexidade Thu, 31 Mar 2011 07:20:07 +0000