Ao longo da história da literatura os poetas têm procurado, nas composições medievais, processos criativos de cantar o sentimento amoroso. Com efeito, as características poéticas das Cantigas de Amigo marcaram decisivamente um género particular da lírica que perdura até aos nossos dias.
Fragmento de canções do rei D. Dinis,
descoberto pelo Prof. Harvey L. Sharrer.
IAN/Torre do Tombo


Jorge de Sena

Jorge de Sena nasceu em Lisboa em 1919 e morreu em Santa Bárbara, Califórnia, em 1978. Formou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia do Porto. Em 1959 exilou-se no Brasil, onde se doutorou em Letras. A partir de 1965 passou a viver nos EUA, onde foi professor catedrático na Universidade de Wisconsin e, depois, na Universidade da Califórnia – Santa Bárbara. Foi poeta, ficcionista, ensaísta e tradutor. Deixou uma vasta obra, donde se destacam os títulos seguintes: Poesia: Metamorfoses (1963), Peregrinatio ad Loca Infecta (1969), Exorcismos (1972). Romance: Sinais de Fogo (1979). Ensaios: Fernando Pessoa – Páginas de Doutrina Estética (selecção, prefácio e notas).

Variações sobre Cantares de D. Dinis

Ramo verde florido,
Florido de bela flor,
Do meu amor tão querido,
Onde está o meu amor?

Diz-me aonde ele está,
Aonde está o meu amor,
P'ra que eu buscá-lo vá
Florido de bela flor.

Ramo verde tão querido,
Tão querido do meu amor,
De belas flores  florido,
Florido de bela flor…

Diz-me aonde ele está,
Florido de bela flor,
P'ra que eu buscá-lo vá
Aonde ele está, o meu amor.

Ramo verde florido,
Florido de bela flor,
Do meu amor tão querido,
Tão querido do meu amor.

In «40 Anos de Servidão» (1979)

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Sobre o poema
O poema de Jorge de Sena lembra uma época difícil da História de Portugal:  a ausência «do amigo» pode simbolizar a partida para a guerra ou para o exílio. Tal como nas Cantigas de Amigo, o sujeito poético sofre com a espera.

Quais são as características das Cantigas de Amigo neste poema? Consulte as vinhetas 1 e 2 e, em seguida, carregue no botão à esquerda da resposta que lhe parece ser falsa.
a expressão do amor
a natureza é confidente
o esquema rítmico repetitivo
a expressão da alegria

© Instituto Camões, 2001